Para Tarso, PT precisa redesenhar relação com a sociedade brasileira

13/07/2005 - 19h14

Carolina Pimentel
Enviada especial

Paris (França) – O ministro da Educação, Tarso Genro, escolhido presidente do Partido dos Trabalhadores no último sábado (9), classificou a crise do PT como mais grave que a do governo. "O governo está bem com a sociedade", destacou. "A crise do partido é uma crise de fundamentos, de princípios. Nós dilapidamos nosso capital moral na relação com a sociedade. Nós dilapidamos nossa referência ética, na minha opinião, porque não havia controles internos do partido para que isso fosse reprimido", disse após o encerramento do Fórum Franco-Brasileiro da Sociedade Civil.

Segundo Tarso, o partido vai precisar trabalhar muito mais que o governo para recuperar a imagem frente à sociedade. "Nós não devemos lavar nossa roupa suja dentro de casa, temos de lavar fora de casa. Nós temos de dialogar com a sociedade, apontar onde nos erramos. Temos de ir à Comissão Ética investigar quem são as pessoas que assumiram as responsabilidades por erros. Se os erros são irregularidades ou ilegalidades", ressaltou.

O ministro, cuja saída do governo está marcada para o fim do mês, disse ainda que a crise do partido não vai ser superada tão rápido. "A crise do partido, ela não vai ser debelada com uma reunião da Executiva ou com uma auditoria. Ela vai ser debelada ao longo de um processo onde vamos ter que redesenhar a nossa relação com a sociedade e ela vai ter que nos ver de uma maneira diferente", afirmou.

Para Tarso, a sociedade agora vê o PT como os outros partidos, não mais como uma base democrática. "A nossa militância está inquieta, angustiada e insatisfeita", explicou. Ele acredita ainda que a crise do PT não deve afetar a imagem do presidente Lula, mas pode prejudicar a reeleição se "a militância não se redescobrir como uma militância respeitada pela sociedade".