Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ex-diretor de Tecnologia e Informática dos Correios Eduardo Medeiros de Morais negou hoje durante depoimento ao Conselho de Ética da Câmara que tenha prestado falso testemunho durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, realizado nesta terça-feira. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apresentou ontem à CPI ofício em que Medeiros reconhece dívida com a empresa Metalúrgica Gadotti Martins Carrinhos, em documento assinado em 1996. Isso aconteceu minutos depois de o ex-diretor negar que conhecesse o dono da empersa, Vilmar Martins.
Hoje, ao falar no Conselho de Ética, o ex-diretor negou que tenha entrado em contradição. Ele disse que não se lembrava das conversas com o empresário, uma vez que o contrato com a empresa Gadotti foi firmado entre 1992 e 1996. "Pode até ter acontecido de ele ter me procurado, mas não me lembro."
Morais afirmou ainda que conversou por telefone com Vilmar Martins há dois dias, depois de ser insistentemente procurado pelo empresário. Segundo o ex-diretor, Martins reivindicou na conversa telefônica a correção de dívida firmada com os Correios em 1996, quando ganhou licitação para vender à estatal carrinhos de metal para o transporte de correspondências. "Os Correios estão tentando levantar esse processo de tantos anos atrás, e ele não apresentou nenhuma queixa nesse período. E depois de, no mínimo, nove anos, ele não foi procurar os seus direitos na Justiça, ou procurou os ex-presidentes, ou entrou com carta-denúncia? Muito estranho isso. No dia do meu depoimento na CPMI acontece um fato desses, depois de 13 anos", afirmou.
O ex-diretor de Tecnologia disse que efetivamente existiu uma dívida dos Correios com a empresa de Vilmar Martins, mas ressaltou que os valores foram pagos ao empresário sem correção monetária. Segundo ele, isso porque o próprio contrato firmado com a empresa Gadotti não previa o pagamento de juros. Na conversa com Martins por telefone esta semana, o ex-diretor disse que não discutiu nenhum detalhe do contrato firmado em 1996. "Ele não entrou em nenhum dos detalhes que o Suplicy comentou. Esse assunto era para vir lá de trás. Depois de 13 anos, fazemos centenas de licitações por ano, sinceramente eu não me lembrava disso, não", disse.
Segundo Suplicy, Vilmar Martins lhe disse que um funcionário da Delegacia Regional dos Correios em Belo Horizonte havia cobrado propina, em dólares, no valor de 20% do contrato de R$ 739 mil, para que fossem aceitos os carrinhos de transporte de correspondência fabricados na metalúrgica. Suplicy contou ter ouvido de Martins que o empresário procurou pessoalmente o ex-diretor dos Correios Eduardo Medeiros de Morais e que este teria telefonado para o gerente de Belo Horizonte autorizando o recebimento da mercadoria. "O gerente disse que, se o empresário quisesse que a mercadoria fosse recebida, teria que deixar 20% do valor em dólares, como uma contribuição, e que Morais receberia 10% do valor total", informou o senador.