Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – Segurança, desempenho comprovado, redução de custos, baixo preço e sem emissão de gases causadores do chamado efeito estufa na atmosfera. Essas são as vantagens da energia nuclear, segundo Guilherme Camargo, diretor de Recursos Minerais da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
Camargo defendeu hoje (13) na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro a expansão da energia nuclear no Brasil em razão das vantagens que apresenta.
"A principal (vantagem) é que nós temos urânio", destacou. "É um combustível abundante no território nacional, nós não dependemos de importação, não ficamos à mercê de instabilidades políticas como o caso da Bolívia". A segunda vantagem, conforme frisou, é ambiental. "Nós somos uma energia limpa". O custo também é competitivo, afiançou Camargo. "No caso de Angra 3, é indiscutível que (o custo) é mais baixo do que qualquer alternativa do mesmo porte (1,3 mil MW) para entrar em operação até o ano de 2010".
Camargo citou estudo feito por um grupo de pesquisadores liderados pelo ex-Ministro da Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas, que faz uma projeção para os próximos 30 anos do setor elétrico brasileiro e mostra crescimento da capacidade instalada de quase 4 vezes, ou seja, de 100 GW em 2005 para cerca de 400 GW em 2035.
"Mesmo que a gente use todo o nosso potencial hidráulico inventariado, medido e conhecido, que é da ordem de 270 GW, vamos ter a necessidade de complementação térmica da ordem de 100 GW. E isso pode ser atendido 70 GW por usinas térmicas convencionais a gás natural ou carvão e 35 GW inevitavelmente por usinas nucleares", indicou Camargo.
O acréscimo desses 35 GW de energia nuclear para atender à demanda crescente de energia no Brasil equivaleria à construção de 28 usinas do tamanho de Angra 2, disse o Diretor da INB. Explicou que a projeção se baseia no crescimento da capacidade instalada ou do consumo que é baixo, da ordem de 4,6% ao ano. "A conclusão é que sem novas usinas nucleares nós não vamos atender (esse crescimento)", garantiu Guilherme Camargo.
Para reforçar sua tese, Camargo citou também estudos dos professores Adilson de Oliveira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, além de declarações do Diretor Geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Mário Santos, que apontam a possibilidade de um novo racionamento de energia elétrica entre os anos de 2007 e 2009. "Acho que está faltando informação ao Presidente Lula e aos tomadores de decisão com relação à gravidade do nosso sistema elétrico. Não vai ser possível depois dizer, como disse o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que não sabia desse problema. A população brasileira não agüenta, não acredita mais nisso".
O diretor de Recursos Minerais da INB disse ser favorável às usinas hidrelétricas, mas analisou que elas hoje estão concentradas basicamente na região amazônica, onde são grandes os problemas ambientais. "O Brasil não pode abdicar de nenhuma fonte energética que seja ecologicamente sustentável e economicamente viável. A nuclear está dentro dessas alternativas".
Vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, a INB é responsável pelo ciclo do combustível nuclear que vai alimentar e abastecer as usinas localizadas no município de Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense.