PM gaúcha aguarda Justiça para desocupar fazenda invadida por sem-terra em Eldorado do Sul

12/07/2005 - 10h31

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre - A Polícia Militar do Rio Grande do Sul aguarda comunicado da Justiça para iniciar a desocupação da Fazenda Cabanha Dragão, invadida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. O juiz da primeira Vara Cível de Guaíba, Gilberto Schäfer expediu ontem (11), o mandado de desocupação do local.

O magistrado negou pedido do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para destinar a área, de 760 hectares, à reforma agrária. Segundo ele, a decisão cabe à Justiça Federal. Na última sexta-feira (8) venceu o prazo dado por Schäfer para as mais de 350 famílias deixarem o local. Os sem-terra reforçaram as defesas na propriedade, cavando trincheiras e aumentando a vigilância, para resistir ao cumprimento da ordem de reintegração de posse da área.

Os colonos afirmam que só deixarão a área quando o Incra, o governo do Estado ou o Ministério Público se comprometerem com o assentamento das famílias. Os dirigentes do MST tentam garantir uma audiência com essas instituições, para chegar a uma solução pacífica.

O comandante regional da Brigada Militar, coronel Nivaldo Duarte, sobrevoou a área na segunda-feira, para verificar o número de policiais que serão necessários para a o cumprimento da ordem. Ele estima que a operação de retirada estará montada até amanhã, sendo necessário o apoio do efetivo do Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Porto Alegre.

O MST gaúcho defende a desapropriação da fazenda, que está seqüestrada pela Justiça Federal. Segundo inquérito da Polícia Federal, o local era usado por uma organização criminosa da qual fazia parte o jordaniano Walled Issa Khmays, preso em junho de 2004, e que responde a processo no Rio Grande do Sul por lavagem de dinheiro, uso de documento falso, porte ilegal e ocultação de armas. Khmays, que usava no Rio Grande do Sul o nome de Rogério Cury Mattar, foi condenado pelos mesmos crimes no Ceará.

O superintendente regional do Incra, Ângelo Menegat, disse hoje que "desde 2004 setenta famílias dos sem terra foram assentadas no Rio Grande do Sul. A expectativa é que até dezembro de 2006 sejam assentadas outras duas mil famílias que esperam terras".