Líderes mantêm separação das 3 CPIs

12/07/2005 - 18h34

Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Líderes do governo e da oposição na Câmara e no Senado não chegaram hoje a um acordo sobre a unificação das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) dos Correios, do Mensalão e dos Bingos. A oposição defendia que fossem criadas sub-relatorias na CPMI dos Correios para que as investigações se concentrassem em apenas uma comissão.

Durante reunião com o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), os líderes decidiram deixar que as investigações sejam realizadas por cada uma das CPIs separadamente. "Em havendo acordo, era possível fazer tudo, inclusive unificar a investigação. Mas o Congresso não pode servir a estratégia nem de um lado, nem de outro", ressaltou Calheiros.

Na avaliação do presidente do Congresso, mais importante que a quantidade de CPIs é a eficácia nas investigações. "A sociedade quer ter elementos para separar os bons políticos dos maus", disse Calheiros. Ele fixou para a próxima segunda-feira, às 16 horas, o prazo limite para que os líderes da Câmara e do Senado indiquem os membros que vão compor a CPI Mista do Mensalão, destinada a investigar suposta compra de votos de parlamentares, no atual governo e no anterior.

Renan Calheiros disse que, se os líderes não indicarem os integrantes da CPI, ele mesmo fará as escolhas. Calheiros afirmou que a eleição do presidente e a escolha do relator da CPI ocorrerão na próxima terça-feira (19). O presidente do Senado ressaltou, no entanto, que o início efetivo dos trabalhos da CPI dependerá dos acertos entre os seus integrantes.

Para o líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldmann (SP), a estratégia do governo é apoiar a instalação de uma série de CPIs para desviar o foco das investigações. "Para nós, isso é improdutivo, dificulta mais o funcionamento, e o governo tem uma tática atrás disso com o seu interesse, para desviar a atenção do 'mensalão' e desviar a atenção dos Correios. São duas faces da mesma moeda, e o governo não quer fazer isso."

Na opinião do líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), a criação das CPIs dos Correios e do Mensalão vai retardar os trabalhos de investigação. Mas ele acredita que o trabalho da CPI dos Correios será de fundamental importância para as investigações sobre a suposta compra de votos dos parlamentares. "Uma CPI tem relação com a outra: a possível corrupção nas estatais e o possível pagamento de 'mensalão'. Mas, se houver bom senso do presidente, do relator e dos membros da CPI do Mensalão, eles terão a oportunidade de utilizar informações que estão sendo recolhidas pela CPI dos Correios", disse.

Já o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), rebateu as afirmações de que a estratégia governista é esvaziar as CPIs. Ele lembrou que foi a própria oposição quem exigiu a instalação da CPI do Mensalão. "Dos partidos que propuseram, o PDT, o PV e o PPS cobraram o acordo para que fosse instalada. Quem pediu que ela fosse lida em plenário foi a oposição, que na semana passada foi ao Supremo Tribunal Federal para pressionar o presidente do Congresso para que fosse lida", afirmou.

O líder do governo garantiu que é vontade do Executivo e da base aliada investigar "até o fim" todas as denúncias de corrupção nos Correios e dentro do parlamento. "É bom lembrar que a oposição dizia que a CPI dos Correios seria chapa-branca. Ao contrário, está funcionando com toda a isenção e vai até o fundo nas investigações. As denúncias do 'mensalão' vieram depois disso. Transformar o 'mensalão' em subcomissão é para quem não quer verdadeiramente investigar. Vamos até o fim, para investigar ou para punir."