CGU encontra irregularidades em 3 áreas e prejuízo de pelo menos R$ 54,6 milhões nos Correios

12/07/2005 - 19h28

Karina Cardoso
Da Agência Brasil

Brasília – A primeira etapa do relatório parcial da auditoria realizada na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) pela Controladoria-Geral da União aponta irregularidades nos setores de aquisição e distribuição de medicamentos, compra de impressoras portáteis e na área de correio noturno. O relatório incluiu 69 contratos e licitações nestes três segmentos, e envolve recursos do valor de R$ 1,7 bilhão.

As irregularidades apontam prejuízos de, pelo menos, R$ 54,6 milhões. O ministro-chefe da CGU, Waldir Pires, disse hoje, no entanto, que esse déficit poderia chegar a R$ 116,8 milhões, caso o processo de licitação para a compra de medicamentos não tivesse sido suspenso.

O valor da licitação para aquisição de impressoras, segundo o relatório, é superior a R$ 21 milhões e destinava-se à compra de 4 mil equipamentos. Com a anulação da licitação, a empresa adquiriu 500 impressoras por R$ 2,5 milhões. Na área de correio noturno, os 65 contratos analisados pela auditoria chegam a R$ 1,66 bilhão e apontam irregularidades, como a falta de justificativa para as variações de quantidades de carga contratadas e para as variações de preço por quilograma contratado, o que gerou um sobrepreço de R$ 37,5 milhões.

O ministro lembrou que as irregularidades encontradas nos contratos e nas licitações acontecem desde 1999, e que são resultado de má administração na ECT. "Não temos dúvida de que todas as diretorias afastadas estavam envolvidas; umas mais, outras menos. Na verdade, isso é um problema de administração da empresa", afirmou.

A auditoria foi iniciada depois de a imprensa ter divulgado uma fita de vídeo, em maio deste ano, em que o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da estatal Maurício Marinho falava sobre a existência de um suposto esquema de corrupção na estatal, envolvendo arrecadação de fundos para o PTB.

Na próxima quarta-feira (13), depois de revisados e consolidados pela CGU, os relatórios serão enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, ao Ministério Público Federal (MPF), ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Polícia Federal (PF).

O ministro informou ainda que as investigações continuarão por tempo indeterminado. Ao todo, serão avaliados 600 contratos e cerca de 480 licitações dos Correios.