Para presidente da AEB, empresários do Brasil e da Argentina devem procurar ser sócios

11/07/2005 - 17h12

Rio, 11/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - O impasse comercial entre Brasil e Argentina nunca será resolvido, avaliou hoje o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Fonseca Moreira. Ele recordou que o impasse bilateral começou no século passado, "eu era garotinho, depois se seguiram outros impasses no livre comércio e hoje temos impasse com união aduaneira. Isso é eterno. É como futebol. Um fica com raiva do outro".

Na avaliação de Moreira, as divergências bilaterais só serão resolvidas "no dia em que a Argentina se reorganizar, for mais competitiva e tiver um crescimento auto-sustentável. Toda vez que um país em desenvolvimento, como é o caso da Argentina e do Brasil, tiver problemas cambiais, vai inventar restrições em relação ao outro, sobretudo quando é vizinho", avaliou, em referência à resolução "A" 4.372, editada pelo Banco Central da Argentina em junho passado. A resolução exige que 1,8 mil itens de importação de consumo sejam pagos à vista, o que afeta as exportações brasileiras de setores como calçados, têxteis, vinhos.

Em palestra no Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Argentina, na Confederação Nacional do Comércio, Moreira assegurou que o problema comercial os dois países é psicológico. "O comércio está crescendo. Temos que ter uma ducha de bom-senso", indicou. Ele enfatizou a necessidade de os dois países promoverem um programa de interligação da infra-estrutura física, como ocorreu na União Européia, além de "aposentar o pessoal de fronteira dos dois lados" e "entender que os problemas de governo começam a ser resolvidos a partir do momento em que os empresários se tornam sócios. Brasileiros e argentinos têm que ser sócios dos seus interesses comerciais".

Segundo o presidente da AEB, empresas brasileiras devem investir na Argentina para ser sócios, da mesma forma que as empresas argentinas devem se associar a brasileiros, "porque quando o setor empresarial se associa, automaticamente retira o governo de cena e as coisas começam a ser resolvidas".