Rio, 11/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - O ministro interino do Desenvolvimento, Márcio Fortes de Almeida, disse hoje na Confederação Nacional do Comércio que "nada impede que Brasil e China se entendam, como foi feito entre a União Européia e a China, que estão negociando a situação da presença maciça de produtos chineses na área de vestuário e calçados no mercado europeu".
A Câmara de Comércio Exterior (Camex), destacou o ministro interino, já tomou as medidas necessárias para impedir danos à indústria nacional por conta das importações de produtos chineses. O texto que estabelece salvaguardas às importações da China foi revisto e já se encontra no Palácio do Planalto para edição do respectivo decreto, informou.
Para Márcio Fortes de Almeida, porém, salvaguarda não é uma medida automática: "Salvaguarda é algo que envolve consulta. Não é uma medida que se tome da noite para o dia". Ele informou que o governo brasileiro está preocupado não só em relação aos montantes crescentes envolvidos, mas sobretudo pelos preços unitários deprimidos. "Ou seja, nós temos vários itens que são de interesse da importação brasileira, da parte de insumos industriais, máquinas e equipamentos, mas na parte de bens de varejo, de consumo, os preços unitários têm sido muito baixos e isso nos preocupa. Há que verificar os quantitativos e os valores individuais desses bens", afirmou.
O ministro interino enfatizou em especial a área de calçados, cujos preços são muito baixos. Revelou que o par de calçados importado custa US$ 0,36, o que "está fora de propósito". O ministério vai avaliar os dados fornecidos pelo setor importador para checar com os dados estatísticos do órgão. Adiantou que as importações chinesas cresceram 157% este ano e alguns itens tiveram redução do preço unitário, na faixa de 50% a 70%. "Isso é preocupante", reiterou.
Márcio Fortes destacou ainda que muitas importações são do interesse do Brasil, como a produção de celulares, microeletrônica e sistemas para exportar celulares. "A gente tem que ver o que nos interessa", afirmou. Recordou também a existência de um memorando de entendimentos Brasil-China, que prevê investimentos chineses no Brasil e compromissos de compra de aviões da Embraer no mercado chinês. "É um conjunto de coisas que têm que ser medidas", disse.