Lucas Parente
Da Agência Brasil
Brasília - Mais de 80 trabalhadores foram libertados do regime de escravidão na fazenda Santa Maria, no município de Brejo Grande do Araguaia, sul do Pará. Segundo o coordenador do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego, Clóvis Tavares, uma denúncia da Comissão Pastoral da Terra ajudou na libertação dos trabalhadores, que estavam em situação precária. A operação foi realizada no início deste mês.
"Nós encontramos os trabalhadores sem alimentação, sem local adequado para dormir, sem água para consumo. Eles bebiam água de córregos contaminados, sem qualquer assistência do ponto de vista da saúde", afirmou Tavares.
O gerente da fazenda, José Aparecido, e o homem que contratava os trabalhadores ("gato"), Antônio Vieira, foram presos em Marabá, mas no mesmo dia foram soltos. Eles vão responder por manter trabalhadores em condições semelhantes à escravidão, crime previsto no artigo 149 do Código Penal.
Clóvis Tavares informou que o proprietário da fazenda, Valderez Barbosa, também pode ser indiciado e pode responder por crime de trabalho infantil, já que seis adolescentes com idade entre 14 e 17 anos foram encontrados entre os libertados.
De acordo com Tavares, parte dos trabalhadores era da mesma cidade onde se localiza a fazenda, mas outros vieram do Maranhão. Todos os direitos trabalhistas, cerca de R$ 200 mil, e o transporte até a cidades de origem serão pagos pelo dono da fazenda.