Zerar o déficit nominal é a única alternativa, diz presidente da Fiesp

06/07/2005 - 3h03

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

Brasília – "Quem pode ser contra?", perguntava-se Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), após participar do jantar que reuniu esta noite, na capital federal, governo e oposição, parlamentares e ministros, empresários e banqueiros. Skaf defendeu a adoção da proposta discutida no encontro, de autoria do ex-ministro da Fazenda e deputado federal Delfim Netto (PP-SP).

O presidente da Fiesp afirma que essa é a última alternativa para que a economia saia do que ele chamou de "círculo vicioso". "Para o bem do Brasil, a proposta tem que ser viabilizada. Não há alternativas. Senão, nós vamos ficar nesse círculo vicioso que temos tido ao longo desses anos todos. É gasto, é aumento de impostos e, com mais impostos, mais informalidade e inflação, aumenta juros e, com os juros, o aumento do gasto", analisou.

"Nós temos que mudar isso. E que mudança é essa? É a mudança de enfrentar a questão do ajuste fiscal". Segundo ele, "os empresários estão totalmente unidos, há um consenso empresarial em torno da proposta de focarmos a questão do gasto público".

A proposta de Delfim é zerar o déficit fiscal do país. Atualmente, o governo brasileiro gera um superávit primário – o que significa que gasta menos do que arrecada, se não forem levados em consideração os gastos com juros da dívida. Apesar de gerar grandes superávits primários, o país continua com um rombo nas contas por causa do gasto com juros. A idéia de Delfim é zerar essa conta.

As metas de compromisso fiscal (espécie de economia de dinheiro que o país se compromete a fazer para pagar suas dívidas) têm como objetivo principal manter a confiança da sociedade e dos mercados de que o país é capaz de pagar o que deve, e reflete significativamente na classificação de Risco País feita por agências especializadas.

Hoje, o país realiza como política fiscal o superávit primário (diferença entre o que a União arrecada e o que ela gasta, mas sem considerar o que é pago em juros e amortizações) de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, o país economiza o equivalente a 4,5% do PIB, dinheiro gasto no pagamento dos juros da dívida. Mesmo com esse esforço fiscal, não consegue pagar os juros da dívida.

Uma hipótese para alcançar a meta proposta por Delfim é aumentar a Desvinculação de Receitas da União (DRU) – que hoje permite investir até 20% do orçamento em áreas diferentes das preestabelecidas no Orçamento da União.