Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
Brasília – "Eu acho que essa proposta é muito boa para um governo em início de governo que tenha todas as condições de propor um pacto à nação". A crítica veio do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), antes de participar do jantar que reuniu, esta noite na capital federal, governo e oposição, parlamentares e ministros, empresários e banqueiros.
Tasso acredita que não há condições políticas para que o governo realize um ajuste fiscal como o proposto pelo deputado Delfim Netto (PP-SP), que sugeriu a redução a zero do déficit nominal.
"Não existem condições, não existe credibilidade para uma conversa que realmente tenha conseqüências. O PSDB apoiaria um aumento do superávit primário desde que haja condições políticas para isso", afirmou. Segundo ele, "o governo hoje não tem dado sinais que é capaz de exigir ou pedir qualquer tipo de sacrifício sem que ele corte a própria carne antes".
A proposta defendida por Delfim Netto é de significa que o governo gaste somente o que arrecada – mesmo considerando o gasto com juros. Atualmente, o governo faz superávit primário – o que significa que gasta menos do que arrecada, sem considerar o gasto com juros da dívida. Mesmo assim, o esforço fiscal não tem sido suficiente para cobrir o gasto com juros.
Uma hipótese para alcançar a meta é aumentando a Desvinculação de Receitas da União (DRU) – que hoje permite investir até 20% do orçamento em áreas diferentes das determinadas pela Constituição, como educação e saúde. A hipótese é considerada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "A evolução da DRU pode ser um instrumento utilizado para compromisso de longo prazo, mas não é esse o debate, é parte do debate", disse semana passada, após reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).