Ministério Público Federal investiga publicitário há pelo menos 5 anos

06/07/2005 - 19h56

Juliana Cézar Nunes e Priscila Mazenotti
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O publicitário Marcos Valério, que depôs hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, vem sendo investigado pelo Ministério Público Federal há pelo menos cinco anos. As apurações estão concentradas nas unidades do Distrito Federal e de Minas Gerais (MPF-DF e MPF-MG). Em 2001, o MPF de Minas Gerais chegou a pedir a condenação do empresário, então diretor financeiro da empresa DNA Propaganda, por sonegação de contribuição previdenciária em valor superior a R$ 5,5 milhões. De acordo com a assessoria do MPF-MG, nesse processo, Marcus Valério foi condenado, em 2003, a 2 anos e 11 meses de reclusão, mas recorreu ao TRF da 1ª Região.

Em Minas Gerais, existem ainda pelo menos duas investigações em andamento envolvendo o publicitário. Uma delas diz respeito a crime de sonegação fiscal no valor de mais de R$ 7 milhões de reais praticado pela SMP&B. A outra trata de empréstimo concedido pelo Credireal à empresa SMP&B Comunicações Ltda. Às vésperas da privatização do banco, a empresa teria entregue ao banco uma fazenda superavaliada como doação em pagamento.

O MPF-DF, por sua vez, investiga o publicitário desde o início do ano passado por supostas irregularidades em contratos de agências de publicidade com empresas estatais, resultantes de licitações públicas. As investigações surgiram a partir de denúncia feita ao Ministério Público Federal de São Paulo de que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, teria feito reunião com dois diretores de uma agência de publicidade paulista.

Na reunião, segundo a denúncia, Soares teria recebido um envelope que conteria dinheiro. Dois meses depois desse encontro, a agência teria vencido uma licitação na Caixa Econômica Federal. O Ministério Público Federal não divulga o nome do denunciante. Segundo a assessoria de imprensa do MPF-DF, os procuradores pediram cópia da fita do circuito interno de TV do hotel em que aconteceu a reunião, que foi confirmada pela investigação. Na gravação, segundo a assessoria de imprensa do MP, não é possível ver a entrega do suposto envelope.

Na época da denúncia, a Controladoria Geral da União (CGU) investigou os processos de licitação da Caixa para a contratação de agências de publicidade e constatou que não havia irregularidade no processo. A assessoria de imprensa da CGU informa que o processo foi arquivado, em agosto de 2004, por absoluta falta de comprovação de irregularidades.

Como a denúncia envolve a Caixa, uma empresa federal, as investigações foram transferidas para o Ministério Público Federal em Brasília. Os contratos ainda estão sendo investigados pelo procurador Bruno Acioli, o mesmo que investiga o caso de corrupção nos Correios.