Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – As montadoras instaladas no País alcançaram, no mês passado, o melhor desempenho da história do setor em vendas de veículos ao mercado externo. Isso também causou o melhor resultado já obtido para um mês de junho na produção. Foram exportados 989,7 milhões de dólares. O resultado é 10,4% maior que o de maio e 41,8% superior a junho do ano passado. No semestre, houve alta de 36,6% com receita de 5 bilhões de dólares contra US$ 3,7, em igual período do ano passado.
Estimulada pelo aquecimento das exportações, a produção fechou o semestre com alta de 15,7% sobre o período de janeiro a junho de 2004, com US$ 1,38 bilhão. No mês de junho, saíram das linhas de montagem 215.748 veículos, apenas 0,4% do resultado de maio último, mas 15,3% a mais do que em junho do ano passado. Esse volume só ficou abaixo de junho de 1997, quando atingiu 190 mil veículos. Com esse ritmo mais acelerado nas fábricas, foi necessário ampliar a contratação de empregados com a abertura de 536 vagas. Para o fechamento do ano, há uma previsão de 2,3 milhões de veículos produzidos, com crescimento de 5,4%, mas que pode ser revista para cima.
Apesar de reforçar a queixa do setor de queda de rentabilidade em função da depreciação do dólar, Rogélio Golfarb, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), disse que as vendas externas deverão superar a meta de crescer 7% em 2005 com faturamento de US$ 8,9 bilhões. Ele, no entanto, evitou fazer novas projeções sob a justificativa que o cenário econômico impede qualquer certeza sobre o que pode acontecer no segundo semestre. Segundo o executivo, existe ainda muita preocupação com os rumos da política da taxa de juros e com o consequente reflexo que isso pode ter em relação ao dólar.
Para Golfarb, foi bem vinda a sugestão de déficit público zero, debatida no jantar do qual participou ontem (5), em Brasília, organizado pelo ex-ministro da Fazenda e deputado federal, Antonio Delfim Neto (PP-SP). "Se o governo gastar menos e gastar melhor vai reduzir a dívida pública e, portanto, haverá menos risco na economia, propiciando a queda na taxa de juros". Ele assinalou ainda que os empresários da indústria automobilística têm uma visão "bastante alinhada com a idéia da equação da dívida". Em sua avaliação, embora o projeto aponte para uma redução apenas em meados de 2008/2009, tal projeção pode provocar um impacto psicológico junto aos agentes financeiros e antecipar os benefícios da medida.