Hélio Costa diz que aceitou ser ministro porque ''política se faz com coragem''

06/07/2005 - 20h59

Brasília, 6/7/2005 (Agência Brasil - ABr) - O senador Hélio Costa – que tomará posse como ministro das Comunicações na sexta-feira (8) – contou que aceitou o cargo no ministério porque "política se faz com coragem", durante entrevista coletiva hoje na Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

"Esse é um instante em que devemos apresentar uma certa dose de coragem. Política se faz com coragem e muita discussão. Eu não tenho nenhuma dúvida com relação à medida que adotei. O presidente fez uma convocação. Eu atendo à sua convocação. Tenho absoluta convicção de que posso ajudá-lo a sair desta crise política", relatou.

A pasta, segundo o senador, é importante para o governo porque trata de assuntos "delicados". "O setor de telecomunicações é muito poderoso. O ministro das Comunicações sofre muitas pressões e influências", disse. Ele lembrou que o capital internacional predomina no sistema de telefonia do país: "Eles podem investir aqui, mas têm que tratar seu usuário de uma forma diferente, não podem fazer o que estão fazendo".

Hélio Costa negou qualquer participação de seu partido – o PMDB – no suposto esquema de corrupção no Congresso, conhecido como "mensalão". E acrescentou: "Não posso nem sequer pensar que o PMDB participe disto. Se alguém me pergunta: tem notícia de 'mensalão'? Todo político tem, sim. Mas ninguém tem coragem de apontar o dedo e dizer onde é que foi. Quem recebeu 'mensalão' agora vai pagar por ele".

Na entrevista coletiva, o senador contou ainda que conhece o publicitário Marcos Valério (acusado de ser um dos operadores do mensalão): "Conheço sim. Todos os políticos de Minas sabem quem ele é. Nós nos encontramos quase sempre nas manhãs de segunda-feira, tomando um avião para Brasília. Mas nunca fui à casa dele e ele não conhece a minha. Nunca fui ao seu escritório e ele nunca foi ao meu. Não conheço filhos e parentes e ele não conhece os meus. Ele não sabe onde moro e eu não sei onde ele mora. Nunca recebi um telefonema sequer e nunca dei um telefonema. Agora, se disserem que os políticos de Minas têm o conhecimento desta figura, qualquer um vai responde – se for honesto – que sim".

O futuro ministro ressaltou também que seu partido é a base de sustentação do governo do presidente Lula: "Este é sem dúvida o mais importante partido da aliança com o presidente". Mas destacou que "o PMDB precisa se renovar, precisa nacionalmente exercitar o direito democrático de escolher pelo voto as suas lideranças". Na opinião de Hélio Costa, "não é possivel que continuemos, depois de três, quatro anos, sem fazer eleições nacionais. Toda vez que se fala de eleições nacionais no PMDB encontra-se uma maneira de prorrogar mandatos".