Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio – Dos doze países sul-americanos, apenas Colômbia e Chile vêm aumentando seus investimentos em infra-estrutura nos últimos anos, segundo levantamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A falta de integração entre a política da região para o setor faz com que, além de insuficientes, esses investimentos não gerem uma real interação dos países, acredita o economista Maurício Mesquita Moreira, do Departamento de Integração e Programas Regionais do BID.
Moreira defendeu, hoje (6), a integração de rotas de transporte dos países da América do Sul. Para o economista, sem isso fica prejudicada a criação de um mercado unificado, em especial do Mercosul. O trabalho do economista compara os custos de tarifas com os de frete entre os países da região. Ele disse que praticamente para todos esses países o custo de frete é maior do que o de tarifa. "Quando se pega produtos de bem de capital, o custo tarifário é ainda maior que o custo de transporte, mas fora esses produtos, em particular, a tônica é que tem mais a ganhar reduzindo os custos de transportes do que aprofundando os acordos comerciais. Um pouco da mensagem política é que pelo menos essa agenda tem que ser mais balanceada. Vamos aprofundar os acordos, mas vamos recuperar também a infra-estrutura, porque sem isso não tem mercado unificado", defendeu.
O economista destacou ainda a necessidade de maior integração, aperfeiçoamento e consolidação do mercado comum. Mesquita Moreira acrescentou que a agenda envolve barreiras não tarifárias, reforma da Tarifa Externa Comum (TEC), investimentos em infra-estrutura e consolidação da coordenação macroeconômica.
Moreira desenvolveu um trabalho para o BID que analisou a situação dos países da América do Sul e constatou que os integrantes do Mercosul concentraram na formação de acordos comerciais deixando para trás o desenvolvimento de projetos de infra-estrutura, o que para ele, representa, atualmente, um grande empecilho para o crescimento do bloco. Ele reconheceu que a privatização atraiu investimentos privados para alguns setores, mas na área de transportes não compensou a queda dos investimentos públicos.
O economista apresentou hoje no Rio trabalho "O tratamento das assimetrias nos acordos de integração regional", no primeiro painel da Conferência Internacional "Aprofundamento do Mercosul e Desafio das Disparidades", promovida pelo BID. O documento foi elaborado com dois outros economistas que integram o Departamento de Integração e Programas Regionais do BID, Paolo Giordano e Juan Blyde. Nele os economistas apontam que a sustentabilidade do projeto de integração do Mercosul depende da capacidade de gerar confiança com regras confiáveis e previsíveis que favoreçam investimentos de longo prazo. O encerramento da Conferência Internacional, amanhã (07), será feito pelo diretor executivo do BID para o Brasil, Rogério Studart.