Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O hip-hop foi uma das muitas trilhas sonoras da 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, realizada esta semana em Brasília. Os rappers não só cantaram, como participaram ativamente dos debates. "As nossas letras não agüentam mais os mesmos problemas", desabafa o rapper do grupo DMN, o paulista Markão. "A verdade é que a gente passou do período de colocar as coisas apenas nas letras. Queremos exigir no debate a implantação das políticas que possam resolver os problemas a partir da nossa perspectiva."
Para o rapper, a realização da Conferência permitiu que a juventude negra inserisse seu "olhar" em todas a frentes de discussão. Entre as principais preocupações dos músicos está o chamado "extermínio" de jovens negros. Estudos do Ministério da Saúde mostram que do total de mortes de jovens negros, 52,1% são por homicídio. Entre brancos, essa mesma taxa cai para 38,1%.
"A maioria dos grupos de hip-hop tem a carne afetada pela violência e o extermínio. Não é só uma violência física, mas uma agressão no mercado de trabalho, na educação, na saúde e habitação. É uma agressão dolorida, muito fácil de detectar", avalia o rapper Markão.
A Conferência não é o primeiro fórum político a contar com a presença de ícones do hip-hop. Em fevereiro, o rapper carioca MV Bill assistiu, no Palácio do Planalto, ao lançamento da Secretaria Nacional da Juventude. Para uma platéia de 500 pessoas, ele confessou: "O hip-hop tem despertado milhares de jovens silenciosamente. Eu ofereço a eles o meu respeito, mas para essa juventude das comunidades, das favelas, das periferias, sobretudo a juventude preta, eu tenho a oferecer a minha vida."