País vive deflação pelo segundo mês consecutivo, mostra IGP-M

29/06/2005 - 16h44

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio – Em dois meses consecutivos o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) registrou deflação. Em maio teve variação negativa de 0,22% e em junho queda de 0,44%. O resultado foi divulgado, hoje, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV, há possibilidade de ocorrer uma nova deflação no próximo IGP-M.

A seqüência de três meses com deflação já ocorreu em 2003, quando de maio a julho, o índice registrou taxas negativas (-0,26%, -1,00% e –0,42%). Salomão Quadros ressaltou, no entanto, que já se começa a detectar alguns elementos de perda de força da deflação, que nesse caso não é sintoma de recessão ou de fraqueza econômica. "Ela é um ajuste de preços relativos após forte recuo do câmbio e todo ajuste tem um período para se concluir. Então, em breve, vai estar concluído", informou.

Para Salomão Quadros o efeito de redução do câmbio ainda persiste nos preços dos insumos da indústria onde é "direto e forte" e por isso, causa impacto no Índice de Preços por Atacado (IPA), um dos três Índices que compõem o IGP-M. Mesmo assim, ele destaca que as matérias primas agrícolas, um outro conjunto importante de produtos que pesam 25 % na formação do IPA, apesar de ainda estarem com os preços em queda, a desaceleração desses preços já começa a perder a força. "Alguns, inclusive, nas datas finais de coleta já indicando alguns movimentos de alta. Isso mostra que o processo de deflação ainda continua mas não está acontecendo em todas as parcelas do IPA, como aconteceu , por exemplo, nas apurações anteriores", afirmou.

Salomão Quadros explicou que, embora, a situação seja semelhante entre o atual período e o de 2003, naquela época, o recuo do câmbio teve uma amplitude maior. O economista lembrou que o câmbio vinha de um período de depreciação maior no final de 2002, chegando a R$ 4 e passando para menos de R$ 3 no segundo semestre de 2003. "Os efeitos que ele produziu sobre os preços por atacado, conseqüentemente, também foram mais intensos, mas a anatomia do negócio é parecida na indústria, cai fortemente nos insumos industriais, dura dois ou três meses e depois termina esse processo", concluiu.