São Paulo, 29/6/2005 (Agência Brasil - ABr) – Assim como uma grande empresa, o governo deveria promover um "choque de eficiência" para conter o gasto público. Partindo desta premissa, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) elaborou um estudo sobre o impacto da redução do gasto público para o crescimento econômico do país, analisando dados de 1994 a 2004.
O estudo foi apresentado hoje e prevê redução do total da despesa real do governo em 2% durante seis anos consecutivos (2006-2011), seguida de manutenção do total da despesa real por quatro anos (2012 a 2015); limite de crescimento para o total da receita real de 50% da taxa prevista de crescimento econômico, limitada a 2,75% ao ano; e destinação de 90% do superávit operacional real positivo (resultado positivo entre receita e despesa, levando em consideração o pagamento de juros reais), quando este for atingido, para investimento no ano seguinte.
"Os governos, ao longo desses anos, caminharam na contramão, porque houve aumento de gasto público e conseqüente aumento de carga tributária. Há 20 anos, a nossa carga tributária era em torno de 20% do PIB (Produto Interno Bruto). Hoje, é de 36% a 37% do PIB", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Segundo ele, o gasto público é a principal causa da elevada taxa de juros praticada no Brasil: "Nos andamos em um círculo vicioso, cuja causa, a grande doença, chama-se gasto público". Skaf acrescentou: "Temos que pôr pomadas nas feridas, mas isso não é a solução. A solução é operar e arrancar o câncer, eliminar a doença".
O presidente da Fiesp também destacou que a redução do gasto público permitiria diminuição da carga tributária e aumento dos investimentos. O estudo não aponta onde os cortes deveriam ser feitos, mas a Fiesp defende propostas, como um recadastramento na Previdência. "A Previdência paga de R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões por ano a 23 milhões de aposentados. Para muita gente, aí existem grandes erros", justificou Skaf.
O estudo propõe a realização de um recadastramento dos beneficiários da Previdência, envolvendo estudantes e as Forças Armadas. "Se iniciarmos o recadastramento por São Paulo, vamos pôr à disposição toda a indústria, as unidades de escolas do Sesi e do Senai espalhadas por todos os cantos. Aí vamos saber se essa conta se resolve com R$ 70 bilhões, de maneira justa, pagando certo", disse Skaf.
O diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos (Depecon), da Fiesp, Paulo Francini destacou que a meta de economia de 2% no gasto público é viável para o governo.
"Não conhecemos nenhuma atividade que não seja capaz de fazer um trabalho de grande eficiência e ganhar, pelo menos, 2% de custo nesse trabalho", disse. "Em um mundo competitivo e globalizado, se uma empresa tivesse o grau de eficiência que o serviço público tem na sua gestão, teria quebrado".