Rio, 29/6/2005 (Agência Brasil - ABr) - A queda do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dentro do cálculo do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de junho – ficou em 0,05% e o IGP-M registrou deflação de 0,44% – se deve em parte ao repasse das desacelerações registradas nos preços por atacado nos dois últimos meses. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas, Salomão Quadros.
O economista explicou que a valorização cambial, que ocorreu e ainda ocorre na economia, provocou impactos diretos e indiretos sobre vários preços, com destaque para o atacado e para os preços industriais. "Destaco como principal resultado da apuração deste mês, a queda dos insumos para a indústria de quase 2%", disse.
Para Quadros, a transmissão de queda no atacado para o varejo vai continuar causando impacto nos preços ao consumidor e está acontecendo cada vez com maior intensidade, principalmente nos alimentos industrializados. Como exemplo, ele citou o óleo de soja, o açúcar, a carne bovina e os biscoitos. "Uma série de produtos que no atacado vem pelo menos há dois meses registrando quedas de preços e isso está se transmitindo para o varejo", acrescentou.
Ainda segundo o economista, um outro motivo para o recuo na variação dos preços ao consumidor, que em maio estava em 1,02%, foram alguns fatores passageiros como a queda nos preços das hortaliças e legumes, que saíram de variação de 8,17% em maio para deflação de 4,99% em junho.
Já o coordenador do IPC Brasil da FGV, André Furtado Braz, aponta mais um fator para a queda do IPC no resultado: os preços administrados, que em junho não pressionaram o índice e isso permitiu que o grupo Habitação tivesse taxa de variação reduzida. Ele apontou ainda a menor captação de influência de preços dos medicamentos e de vestuário, mas ressalvou que nos próximos meses deve haver alteração. "Esse patamar deve continuar pelo menos no curto prazo, mas no final de julho vamos receber impacto maior por conta do reajuste da telefonia fixa, o que fará com que o IPC volte a algo em torno de 0,40%", estimou.
André Furtado Braz disse não acreditar, no entanto, que o IPC possa voltar a superar o nível de 1%. "As taxas devem ficar abaixo desse patamar, pelo que indicam os números do IPA (Índice de Preços por Atacado)", afirmou.