Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A situação nutricional dos povos indígenas foi discutida hoje (29) em reunião no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Entre as reivindicações estão a suplementação de R$ 4 milhões no Orçamento da Carteira do Índio para 2005 e o aumento da verba para o mesmo programa, no ano que vem, para R$ 15 milhões, sendo R$ 1 milhão para o incentivo à pesquisa de sustentabilidade das comunidades indígenas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para a representante indígena no Consea, Azelene Kaingang, é preciso criar ações específicas para os povos indígenas que resolvam as angústias da comunidade em relação à segurança alimentar e nutrição. "Para que, quando a gente olhar o Orçamento, a gente se veja como uma população diferente", diz.
Azelene Kaingang ressalta que a Carteira do Índio, programa criado para o apoio e fomento às ações de promoção de segurança alimentar e nutricional e desenvolvimento sustentável dos povos indígenas, é uma das primeiras ações estruturantes na área que chega realmente às comunidades. "Elas resgatam a dignidade e a soberania alimentar. A Carteira do Índio, além de discutir com as comunidades indígenas, ainda ajuda a capacitar os povos, desloca equipes para as comunidades e conhece os territórios indígenas", explica.
Mas ela diz que, mais importante que a segurança alimentar, é o direito à terra. De acordo com ela, enquanto não houver a regularização fundiária para as terras indígenas, o índio não terá a segurança que precisa para viver em sua comunidade. "O Brasil é grande o suficiente. Tem lugar para todo mundo. O direito humano à alimentação adequada está ligado a ter terra, ter onde produzir seu alimento adequado".
O Consea é formado por 61 conselheiros - 14 ministros, 11 observadores e 36 personalidades da sociedade organizada – que elaboram propostas de políticas públicas para as áreas de alimentação e nutrição.