Rodrigues diz que há "crise real" no campo e que governo estuda crédito de R$ 3 bilhões

28/06/2005 - 19h36

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse hoje (28) que o pedido que os produtores agropecuários fazem em Brasília – no ato "Tratoraço, o Alerta do Campo" – "representa uma crise real de importantes setores da agricultura brasileira, como arroz, algodão, soja, milho e trigo". De acordo com ele, o ministério negocia, com a área econômica, alternativas para reduzir os prejuízos no setor.

"Há uma procedência na queixa dos produtores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preocupado. A crise deste ano é motivada por quatro fatores somatórios: aumento dos custos de produção, redução dos preços dos produtos agrícolas, endividamento crescente e seca em várias regiões do País", relata Rodrigues. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve receber lideranças do movimento amanhã (29) no Palácio do Planalto.

Os fatores descritos pelo ministro causaram uma quebra de mais de 19 milhões de toneladas na safra daqueles cinco tipos de grãos na expectativa da safra 2004/2005. "Isso representa quase R$ 10 bilhões que deixaram de entrar nos cofres nacional", explica Rodrigues.

O ministro acrescentou, ainda, que o governo federal estuda um crédito de R$ 3 bilhões para que os produtores financiem suas dívidas junto a empresas privadas. Os recursos viriam do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Outra proposta em análise é a possibilidade de liberação de recursos à categoria sem a necessidade de comprovação de crédito. O governo propõe também a dissolução da parcela de dívidas que vencem em julho nos seis últimos meses do ano.

Mas Rodrigues ressalta:"são apenas estudos. Não há proposta formal. Estamos fazendo um esforço concentrado entre o ministério da Agricultura e o ministério da Fazenda para termos uma solução eficiente o mais rápido possível", relata.

O ministro destacou que existem grupos com reivindicações diferenciadas no "tratoraço": os atingidos pela seca – principalmente no Rio Grande do Sul – e produtores com excedente de produção. "Vamos atender a todos, sem exclusão", assegura.

O "tratoraço" reuniu agricultores e pecuaristas de todo o país em Brasília. Eles pedem o perdão da dívida agricola e aumento nos financiamentos para o setor.