Brasília, 28/6/2005 (Agência Brasil - ABr) - Após reunião com líderes partidários, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), informou que não houve acordo sobre os mecanismos para desobstruir a pauta de votações. "Não há possibilidade de entendimento. Quem tiver mais voto ganha. Não pretendo reunir os líderes amanhã. Não há mais tempo a perder", disse.
A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o suposto pagamento de "mensalão" e a suposta compra de votos na emenda constitucional que possibilitou a reeleição para cargos no Executivo é um dos pontos de divergência entre oposição e aliados. O líder do PSDB, Alberto Goldmann (SP), disse que a criação dessa CPI na Câmara visa desviar o foco das investigações da CPMI dos Correios e que o PSDB quer que as investigações sejam conduzidas apenas por essa CPMI. "Criar outra CPI seria uma manobra diversionista", afirmou.
Alberto Goldmann informou ainda que o partido continuará obstruindo as votações, até ter claro que a CPMI dos Correios vai funcionar no mês de julho: "Enquanto não tivermos absoluta convicção de que a CPI vai funcionar ininterruptamente durante o recesso, não deixaremos que se encerrem os trabalhos neste mês. As matérias só serão votadas se nós tivermos absoluta certeza de que a CPMI vai funcionar em julho".
Segundo o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), embora o regimento do Senado seja omisso na questão do funcionamento das CPIs durante o recesso parlamentar, o governo quer que as investigações sejam feitas. "Nós queremos que a CPMI funcione em julho. Nós estamos dispostos a produzir um acordo, que pode resolver o que o Regimento não resolve", disse.
Desde o início da tarde o plenário da Câmara tenta concluir a votação dos destaques apresentados à Medida Provisória 248, que reajustou o salário minímo em R$ 300. A oposição tem usado como intrumento de obstrução o pedido de votação nominal dos destaques, após a votação simbólica. Antes de se concluir a votação nominal, o autor do requerimento retira o seu pedido, para que não fique configurada a votação nominal e, com isso, a oposição pode pedir nova votação nominal antes de uma hora, como exige o Regimento da Câmara.
Para o vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), "está cada vez mais evidente que o problema da oposição não é prejudicar o governo, mas tornar o Brasil ingovernável".