Olga Bardawil
Repórter da Agência Brasil
Fortaleza - Os moradores do Conjunto Palmeira, bairro da periferia de Fortaleza, conseguiram reduzir o preço do transporte coletivo alternativo de R$1,60 para R$1,45 por meio de um acordo firmado entre a Associação de Moradores e o Sindicato do Transporte Alternativo de Fortaleza (Sindivans). Mas a tarifa reduzida só vale para quem pagar a passagem usando o "palma", a moeda social da comunidade, emitida e garantida pelo Banco Palmas, a entidade financeira criada há seis anos pela Associação dos Moradores.
Segundo o coordenador do Banco Palmas, Joaquim de Melo, o uso do "palma" até agora era restrito ao comercio local, em estabelecimentos como açougues, padarias, mercadinhos, oficinas, salões de beleza etc. Agora, com o uso nas vans, a moeda local ganha força para crescer porque vai significar economia para os usuários. De imediato, "já é um grande beneficio para os 30 mil moradores do Conjunto Palmeira", diz ele.
"Outro grande beneficio é que isso vai gerar trabalho e renda, vai gerar emprego no bairro. Porque quando você tem 'palmas', na mão – como o dono da van – você não pode fazer outra coisa a não ser comprar no bairro, no açougue, na farmácia, na padaria, no mercadinho, no posto de gasolina. E, quanto mais gente comprando, mais gente vendendo aqui no bairro, mais renda vai gerar", explica.
Para o presidente do Sindivans, Manoel Neto de Souza, há vantagens para os proprietários das vans: o aumento do número de passageiros e a compensação de 30% no preço do vale transporte. Mas, ele vê também o aspecto social do convênio, já que o transporte é um dos itens que mais pesa no bolso dos moradores do bairro.
A Associação de Moradores também fechou recentemente acordo com a empresa distribuidora de gás de cozinha, que passa a aceitar o "palma" na compra do botijão no bairro. Joaquim de Melo acrescenta que, nesse caso, os "palmas" que a distribuidora de gás não quiser gastar no bairro poderão ser trocados por reais no Banco Palmas, porque, para cada "palma" circulando no bairro, há um real de lastro no "banco" da associação.
Segundo a Associação de Moradores, o Banco Central reconhece que a moeda social é legitima. O "palma" funciona como moeda porque serve para a troca de mercadoria e serviços, embora não tenha valor para investimento como poupança, por exemplo.