Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) lançou esta semana um estudo sobre o combate à epidemia de Aids no Brasil. Intitulado "Respostas aos desafios da Aids no Brasil: limites e possibilidades", o levantamento traz uma avaliação das ações desenvolvidas no país e faz sugestões de melhorias. O foco principal é nas experiências de parcerias entre organizações da sociedade civil, governo e agências internacionais.
"O que se percebeu foi o grande êxito das parcerias, fundamentais para que o Brasil esteja sendo reconhecido mundialmente pelo trabalho que desenvolve no combate à Aids", aponta um das autoras do estudo da Unesco, a economista Lorena Bernadete da Silva. "As Organizações Não-Governamentais (ONGs) e colaboram muito com o governo, assim como o governo colabora com elas. A continuação dessa parceria é fundamental."
A pesquisa da Unesco traz todo um capítulo dedicado a traçar um perfil das organizações que trabalham no combate à Aids no Brasil. De acordo com os pesquisadores, trata-se de entidades com características diferenciadas, abordando desde a prevenção até o apoio no tratamento. Há também uma especialização dessas ONGs, que elegem públicos para acompanhar. Entre eles, homossexuais, mulheres, crianças ou profissionais do sexo.
O estudo ainda retoma a história do Programa Nacional de Aids, oficialmente criado em 1987. Na década de 90, as organizações da sociedade civil tomaram fôlego, aumentaram em número e, aos poucos, foram construindo uma importante de rede de ação conjunta. De acordo com o Ministério da Saúde, existem hoje 600 ONGs trabalhando neste setor em todo o país. A pesquisa da Unesco mostra que a maior parte delas concentra as atividades nos municípios (56,4%) e estados (45,4%), privilegiando ações de prevenção, defesa de direitos e assistência social.
O levantamento revela ainda uma concentração de 73% das organizações no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Ceará e nos três estados da região Sul. A principal fonte de recursos das ONGs brasileiras que trabalham no combate à Aids são os convênios com os órgãos públicos. No âmbito internacional, 76% das 328 entidades brasileiras pesquisadas afirmam ser a Unesco a principal parceira.
Ao passar do diagnóstico para as sugestões, o estudo da Unesco recomenda que as ONGs melhorem sua forma de gestão e captação de recursos para ampliar a estabilidade. Ao governo federal, pede que seja desenvolvido um trabalho concentrado nas populações hoje mais vulneráveis ao HIV. Fazem parte desse grupo mulheres, jovens, comunidades pobres, moradores do interior e população negra.