Empresários querem recuperar participação de confecções brasileiras no mercado mundial

26/06/2005 - 9h09

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - As exportações de vestuário do Brasil deverão crescer este ano 3% apenas, em função da queda do dólar, que foi muito forte nos últimos 15 ou 16 meses, estima diretor-presidente do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), Marcelo Prado. "É uma desaceleração do crescimento das exportações, cujo ritmo estava mais bem acelerado", analisa.

A meta do setor têxtil brasileiro é recuperar a participação que já teve na década de 80 no mercado internacional (1%), revela o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. Hoje, essa participação representa apenas 0,4% a 0,5% do comércio mundial de têxteis e confeccionados, que gira em torno de US$ 400 bilhões. A fatia de 1% do mercado global significaria para o Brasil exportações de US$ 4 bilhões ao ano, e não US$ 2,08 bilhões, como se exportou no ano passado, indica Pimentel.

Ele afirma que o caminho para recuperar essa posição passa pela exportação de vestuário e não de matérias-primas. Pimentel revela que enquanto a exportação de 1 quilo de algodão representa US$ 1,20, a exportação de 1 quilo de moda praia (roupa) atinge US$ 55. "Então, é óbvio que, se a gente vai pensar em chegar a 1% do comércio mundial via matéria-prima, o Brasil vai ter que virar uma fazenda para caber isso tudo de algodão".

Prado informa que a participação atual do Brasil nessa linha de produtos no comércio internacional é de 0,02%, devido a fatores como a fragmentação do mercado, que não tem estrutura para aceitar grandes pedidos, exportar e disputar o mercado consumidor: 85% das importações do mundo se concentram na Europa, América do Norte e Japão.

Pimentel sublinha a necessidade de o Brasil conquistar acordos regionais ou bilaterais para entrar nesses mercados com vantagens competitivas, como têm feito outras regiões, como América Central, Norte da África, Leste Europeu. "Negociações internacionais são cruciais para que o Brasil abra espaço nesses 85% do mercado mundial que hoje é composto pelos países ricos."