Abit vê mercado da moda no Brasil dominado por informalidade e fragmentação

26/06/2005 - 9h38

<>Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O anuário que a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) publica até a primeira quinzena de julho revela que produção da indústria de moda no Brasil e consumo aparente (que envolve a produção mais importação menos exportação) são quase equivalentes. Enquanto a produção de vestuário, meias e acessórios têxteis, que compõem o mercado da moda no Brasil, atingiu no ano passado 5,6 bilhões de peças, gerando US$ 15,9 bilhões e 1,1 milhão de empregos, o consumo aparente foi de US$ 15,7 bilhões.

A equivalência leva o diretor-presidente do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), Marcelo Prado, responsável pela apuração dos dados que compõem o anuário da Abit, a afirmar que "o mercado interno é que sustenta o mercado da moda no Brasil".

De acordo com a pesquisa "O Mercado da Moda no Brasil", divulgada este mês pelo Iemi e pela Abit, como prévia do anuário do setor têxtil, o varejo brasileiro é muito fragmentado. Em 101 mil pontos de venda detectados, apenas 4% são organizados em redes que compram maiores volumes de peças.

O mercado brasileiro ocupa a 7ª ou 8ª posição entre os mercados consumidores mundiais. Sua base de produção é dominada pelos pequenos e médios empresários. "As grandes empresas detêm hoje 16% da produção nacional, enquanto os restantes 84% estão pulverizados nas mãos de pequenos produtores", informa Marcelo Prado.

O consumo de vestuário no país aumentou no ano passado entre 1,8% a 2,3% em relação a 2003. Considerando a variação do dólar, os gastos dos brasileiros com vestuário em 2003 foram expressivos, somando US$ 24 bilhões. Em 2004, alcançaram US$ 29 bilhões. Para 2005, a projeção do Iemi e da Abit é que o consumo de vestuário no varejo cresça 2% a 3%.

O diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, revela que uma das cinco grandes metas estabelecidas pela entidade no triênio 2005/2008 é a reestruturação e o fortalecimento da cadeia produtiva da confecção. "Essa cadeia produtiva vem se informalizando nos últimos anos, devido à elevada carga tributária, juros altos e falta de acesso ao financiamento."

O mercado interno comprador de têxteis e vestuário não está crescendo de forma acentuada porque a renda do brasileiro não está subindo conforme previsto, segundo Pimentel. O mercado de vestuário, chamado "bem de salário", compõe a cesta de consumo normal das famílias brasileiras.

Pimentel diz que, se não há um crescimento da renda compatível para fazer face à criação de novas necessidades de consumo e à elevação dos preços administrados, que impactam o custo de vida das famílias, o consumo de alguns itens, como as confecções, acaba sendo mais prejudicado.