Tarifas públicas e preços controlados são causa de inflação, aponta ata do Copom

23/06/2005 - 11h13

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Banco Central comemora os sinais generalizados de redução da inflação em todos os segmentos de preços livres, a ponto de interromper um processo de ajustes da taxa básica de juros (Selic) que vinha ocorrendo desde setembro do ano passado, conforme ressalta a ata divulgada hoje (23) sobre a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada.

Conforme afirma a ata, o foco de maior resistência para a queda da inflação reside no segmento de preços administrados por contratos ou monitorados (combustíveis, energia elétrica, telefonia, água, educação, medicamentos, transporte urbano e outros itens de primeira necessidade). Tanto que o Copom manteve a projeção anterior de 7,3% para o reajuste acumulado dos preços administrados no ano, e elevou de 5,1% para 5,7% a estimativa de aumentos para o ano que vem.

As projeções do colegiado do BC dizem que não deve haver reajustes este ano para gasolina e gás de cozinha, e estimam correções de 10,8% para energia elétrica residencial e de 8,6% para as tarifas de telefonia fixa. Mas, de acordo com a ata do Copom, os reajustes previstos para 2005 terão impacto de 0,6 ponto percentual a mais nos preços administrados de 2006. Esses preços têm peso médio de 28% a 29% na composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) usado para a trajetória de metas do governo.

De acordo com a ata, os núcleos do IPCA registraram desaceleração em maio, em todos os critérios acompanhados pelo Copom, com "arrefecimento" dos preços livres. Diz também que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) apresentou deflação de 0,25% no mês passado, em continuidade à "forte desaceleração" registrada em abril. Essa redução de preços no atacado se acentua mais ainda no mês em curso, segundo o boletim Focus da última segunda-feira, com reflexos positivos nos preços ao consumidor.