Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A discussão sobre o papel da radiodifusão pública deve ser ampliada no país para se ter com clareza sua missão institucional. Foi o que disse, Laurindo Lalo Leal, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), durante o 1º Encontro Nacional para tratar dos modelos de radiodifusão no país, realizado em parceria com o Itaú Cultural e a Associação das Rádios Públicas (Arpub). "Nós sabemos muito bem o que é o (modelo de radiodifusão) estatal, o que é o modelo privado, mas temos dificuldades de entender o modelo público", acrescentou.
Segundo ele, a discussão sobre o tema deve caracterizar a rádio pública e de que forma deve atender as necessidades da população no que se refere à informação e ao entretenimento.
Ele defendeu um modelo diferente das emissoras comerciais. "Esse modelo de rádio pública deve ser um canal de divulgação da produção cultural, artística que por força dos interesses comerciais, não chega à população, e tira da sociedade a possibilidade de conhecer o que essa mesma sociedade produz".
Apesar das diferenças entre emissoras comerciais e públicas, Laurindo Leal entende que todas têm "a missão de prestar serviço público, entretanto no caso das emissoras comerciais, esse serviço está subordinado ao interesse comercial", completou.
No caso das redes públicas, existem exemplos de que a balança tende para o interesse do governante. "Se existe uma vinculação com o Estado, poderá ocorrer essa determinação da chamada chapa branca".
Ele ressaltou que a emissora de rádio da Radiobrás tem feito ultimamente "um serviço abrangente". Mas se esse serviço não tiver garantia de continuidade, ou seja, institucionalizado, "a partir da mudança de governo as coisas podem retroceder".
E disse também que o vínculo com o Estado pode criar "porta-vozes do governo e não atender os interesses da sociedade".
Indagado sobre qual o papel da rádio pública, no momento em que o país está acompanhando as apurações na CPI dos Correios e a denúncia de "mensalão", o professor da USP disse que o rádio possui um instrumento de informação com transparência já que pode realizar transmissões ao vivo. "E as pessoas têm acesso a essas informações no momento em que estão ocorrendo. Esse é o papel do rádio, a informação em tempo real".
Até o próximo sábado (25), o evento vai discutir os modelos de radiodifusão no país, no Itaú Cultural.