CPI deve ouvir pessoas citadas por Washek para conferir veracidade de suas declarações

23/06/2005 - 17h13

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios deverá convocar para depor algumas das pessoas citadas hoje no depoimento do empresário Arthur Washek, para confrontar algumas das informações que ele prestou à comissão. Segundo o presidente da CPMI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), o objetivo é conferir a veracidade de declarações feitas por Washek.

O empresário, um dos donos da empresa Comam - Comercial Alvorada de Manufaturados Ltda, confessou que foi o mandante da gravação da fita em que o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho aparece recebendo dinheiro de supostos empresários.

Washek citou, em seu depoimento, interesses comerciais prejudicados e descartou fazer parte de um esquema maior, que envolveria o uso político da gravação em que Marinho também relata a existência de um suposto esquema de corrupção na diretoria de Administração da estatal, que seria comandado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

O depoimento de Washek na CPMI durou quase seis horas e meia. "Não participei de conspiração com arapongas, não participei de conluios", disse o empresário, frisando que seu interesse na gravação era derrubar Maurício Marinho da chefia de departamento que ocupava nos Correios. Durante o depoimento, o empresário disponibilizou à CPMI seus sigilos bancário e telefônico.

"Vamos investigar todas as licitações e contratos dos Correios. Alguns já foram analisados pela Controladoria-Geral da União e pela Polícia Federal", ressaltou o presidente da CPMI. Delcídio Amaral reafirmou que cumprirá o calendário proposto para a próxima semana, que prevê depoimentos dos diretores dos Correios e de Roberto Jefferson.

O outro acionista da Comam, Antônio Velasco, também prestou depoimento hoje na comissão. Velasco disse que não tinha qualquer conhecimento da decisão de seu sócio de gravar uma fita de vídeo com Maurício Marinho. Velasco informou aos parlamentares que Washek emprestou, no mês passado, R$ 27 mil a Arlindo Molina, que conheceu há quatro anos e com o qual estabeleceu laços de amizade.

Ex-professor da Escola Naval, Molina é acusado por Roberto Jefferson de tentar extorqui-lo. De acordo com o deputado, antes da divulgação da fita pela imprensa, Molina teria ido a seu gabinete tentar negociar o material. Em depoimento à Polícia Federal, Molina disse, entretanto, que teria ido alertar Jefferson a respeito de declarações feitas por Maurício Marinho sobre a existência de um esquema de corrupção nos Correios, comandado pelo PTB.