Veja principais trechos de discurso em que Lula faz balanço do governo e diz que combate a corrupção

21/06/2005 - 19h21

Da Agência Brasil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez hoje um pronunciamento em defesa das ações do seu governo e comentou as denúncias recentes de corrupção. Lula discursou por cerca de 50 minutos na abertura do Congresso Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária em Luziânia (GO). Leia abaixo os principais trechos:

Solidariedade e diálogo

"A solidariedade é um pré-requisito fundamental para superar os obstáculos históricos, políticos e econômicos que ainda mantêm a grande maioria da nossa população apartada dos benefícios do progresso. (...) Superar esses obstáculos, promovendo o crescimento e a inclusão social, tem sido o nosso desafio e a nossa maior prioridade. (...) Estou falando de parceria e companheirismo, de um trabalho que tem sido feito por meio do diálogo franco, consistente e amplo com a sociedade. Aliás, esse diálogo é um princípio e um método de trabalho que tem trazido bons resultados e dá muito orgulho ao meu governo".

Reivindicações

"Eu sou daqueles que acha que o movimento sindical nunca deve parar de reivindicar. E quanto mais se conquista, é normal que se queira um pouco mais. (...) A única coisa que eu acho é que a gente não pode reivindicar perdendo de vista aquilo que a gente já conquistou, porque as conquistas têm que fazer parte do manancial de conquistas históricas da classe trabalhadora."

Política para agricultura familiar

"O Brasil precisou passar por muitas transformações antes que o acesso à terra e aos meios de produção começassem a ser tratados pelo governo como direito básico dos nossos homens e das nossas mulheres. O que me incomodava mais, e quem conviveu comigo mais tempo sabe, era que às vezes a gente ficava brigando pela reforma agrária para assentar mais gente, e a gente não tinha uma política para tratar de quem já tinha a terra. (...) Agora nós temos estruturada uma política para a agricultura familiar, uma política para os assentamentos, e vamos fazer as coisas do jeito que precisam ser feitas, bem-feitas."

Corrupção

"Eu quero dizer para vocês que, de vez em quando, você é pego de surpresa com notícias que nenhum brasileiro gostaria de ser pego, sobretudo quando se trata de corrupção. De vez em quando eu fico me perguntando se é isso mesmo que as pessoas querem, porque se as pessoas querem combate à corrupção, as pessoas deveriam estar, todas, sobretudo as que estão acusando, aplaudindo o governo. Porque na história republicana, e ouso dizer isso na frente de trabalhadores e trabalhadoras rurais do meu país, na história republicana, nenhum governo fez, contra a corrupção, 20% do que estamos fazendo. Nenhum governo fez."

Denúncias

"Peguem as revistas brasileiras, peguem os jornais brasileiros, vocês vão perceber que ao longo de anos e mais anos são denúncias e denúncias de corrupção, então vocês vão pensar: bom, todos são tratados igualmente, porque se fala que tem nesse, mas falavam que tinha no outro, a imprensa está sendo justa. Verdade. E a imprensa cumpre um papel extremamente importante em denunciar as possíveis mazelas que existem em qualquer lugar do país. (...) Agora, o que muitas vezes não fica claro é a diferença entre o governo que age para combater e o governo que deixa a imprensa esquecer a manchete. E depois de uma semana não se fala mais".

Investigações do governo

"Somente nesses dois anos e seis meses de governo foram 1.290 pessoas presas por investigações do governo. Alguns são soltos depois porque o governo não tem o poder de prender, a Justiça é quem determina a prisão ou não, como é o caso daquele que foi acusado de matar os fiscais do trabalho, que foi preso, depois foi candidato a prefeito, ganhou, e a Justiça o absolveu ou pelo menos ganhou uma liminar. Não podemos fazer nada. Mas só dentro da própria Polícia, 129 policiais, entre policial federal e policial rodoviário, foram presos."

Operações da Polícia Federal

"Todas as grandes operações que vocês viram na imprensa, da Operação Vampiro, Operação Anaconda, Operação Curupira, foi tudo feito por nós e decisão nossa. E vamos investigar tantas quantas aparecerem. O que não pode é o governo ficar correndo atrás de denúncia vazia. Se tem denúncia contra a atuação do Congresso, é um problema do Congresso Nacional. Ali tem 513 deputados, 81 senadores, ou seja, eles que criem mecanismos de auto-investigação. Não tem como o Poder Executivo fiscalizar."

Funcionamento do Congresso

"Os projetos que estão no Congresso Nacional são de interesses deste país, de 180 milhões de brasileiros. As pessoas podem gostar ou podem não gostar. As pessoas votam ou não votam, porque gostam ou porque não gostam. Nós não podemos permitir que por conta de uma CPI, o Congresso não funcione. O Congresso pode estabelecer horário para CPI, pode estabelecer horário para as Comissões, pode estabelecer horário para votar. Este país é muito grande, a democracia está muito sólida para a gente achar que uma CPI pode criar qualquer embaraço."

Denúncias sobre os correios

"A questão do Correio, no sábado em que saiu a matéria (com denúncia de possível irregularidade), nós já abrimos inquérito policial, o acusado já estava fora, nós afastamos o outro diretor. Esse é o papel do governo. Não tem outro papel do Poder Executivo, a não ser fazer isso. É mandar a Polícia Federal para dentro. Se tem outras coisas, que digam, quantas aparecerem... porque no Brasil as pessoas tinham o hábito de fazer denúncia de corrupção que morria no dia seguinte. Eles não sabem com quem estão lidando."

Compromisso social

"Estar aqui com vocês, fazendo o que estamos fazendo, faz diferença, sabem por quê? Porque incomoda, incomoda muita gente. Vocês sabem quanto nós fizemos de transferência de renda nesse pouco tempo que estamos no governo? São 17 bilhões de reais de transferência de renda, dinheiro que sai dos cofres públicos e vai para a mão do povo pobre deste país, que vai para a mão daqueles que nunca tiveram dinheiro..."

Balanço do governo

"Começaram dizendo que nós não sabíamos gerenciar, depois começaram dizendo que nós tínhamos muitos ministros, incomodou a eles criarmos a Secretaria da Igualdade Racial, incomodou a eles criarmos a Secretaria da Mulher, incomodou criarmos a Secretaria da Pesca, ou seja, por que incomoda tanto você criar Secretarias que organizam a sociedade? Por que incomoda tanto?"

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