Michèlle Canes
Da Agência Brasil
Brasília - O procurador da República no Estado de Mato Grosso, Mário Lúcio Avelar, denunciou esquemas de venda e roubo de autorizações de transporte de produtos florestais (ATPFs), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a biopirataria, na tarde desta terça-feira. Na mesma sessão foram ouvidos os depoimentos do ex-gerente executivo do Ibama no estado, Hugo Werle, que se disse inocente, e do gerente do centro de informática do Instituto, Nelson Rezende, sobre a Operação Curupira realizada pela Polícia Federal (PF).
No depoimento de Nelson Rezende, os integrantes da CPI foram informados de que de tanto os autos adulterados no sistema de informática quanto as multas reduzidas de maneira ilegal podem ser rastreados, já que a senha do usuário fica registrada. Quem pode fazer essas alterações, acrescentou, é o gerente executivo, que possui a senha do sistema. A CPI investiga a denúncia de que multas para extração ilegal estariam sendo adulteradas para que não fossem cobradas dos madereiros.
Segundo as declarações do procurador Mário Lúcio Avelar à CPI, o esquema de vendas, falsificação e adulteração das autorizações funciona há pelo menos dez anos nos estados de Rondônia, Pará e em toda a Amazônia Legal. Ele informou que todos os dias são interceptados até 20 caminhões que levam as ATPFs a serem usadas para legalizar madeira ilegalmente extraida de áreas indigenas na região. Avelar também denunciou o envolvimento de servidores e órgãos no esquema.