Jefferson não mencionou nome de envolvidos no esquema do "mensalão" em 2003, diz Miro Teixeira

21/06/2005 - 18h13

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Por mais de três horas, o ex-ministro das Comunicações e deputado federal Miro Teixeira (PT-RJ) prestou depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados.

Durante o depoimento, ele confirmou que soube pela primeira vez do "mensalão" ao final de 2003, quando ainda era ministro. Contudo, quando Roberto Jefferson o procurou para falar do "mensalão", Miro disse que o deputado não mencionou em nenhum momento nome de pessoas que estariam envolvidas no esquema. "O nome do Delúbio (Soares) não surgiu. O nome do Marcos Valério não surgiu. Ele não me apresentou essa precisão de detalhes. O fundamental é que eu confirmo o que ele me falou que existiam deputados recebendo mesadas", afirmou Miro.

O ex-ministro falou que não desqualifica Roberto Jefferson, mas acha "temerário" que ele acuse deputados sem provas. Disse ainda que não levou as denúncias adiante por falta de provas, mas que continuou investigando-as, embora até hoje não tenha como comprová-las. "Se eu botar a mão em uma prova, quem vai vir à comissão apresentar a prova serei eu. Eu não sei as razões pelas quais o deputado Roberto Jefferson não quis ir ao Plenário fazer as denúncias e detonou tudo isso agora. Vamos investigar, vamos às provas."

Roberto Jefferson, segundo Miro, está fazendo uma "minissérie": a cada dia apresenta um novo capítulo. Ele chegou a desafiar Jefferson quando foi pressionado pela deputada Luciana Genro (PSOL-RG) porque não havia revelado todo o esquema do mensalão. "Se eu tivesse de dar um conselho para ele, eu diria: sai dessa toca Roberto, conta logo o fim dessa história", falou.

Neste momento, o presidente da comissão, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP), decidiu suspender a sessão por 45 minutos para que os deputados possam ir ao Plenário da Câmara acompanhar a votação de medidas provisórias. Ainda hoje, depois da ordem do dia no Plenário, o conselho vai ouvir o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Ele foi o primeiro parlamentar a afirmar que a deputada licenciada Raquel Teixeira, do PSDB de Goiás, teria recebido uma oferta em dinheiro do deputado Sandro Mabel (PL-GO), dentro do esquema do mensalão.

O ex-ministro disse ter proposto a Jefferson, na ocasião, que levasse as denúncias imediatamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Miro, Jefferson não quis fazê-lo, alegando não ter provas.