Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – "Agora que a inflação está sob controle no Brasil, nós poderemos ter uma política de flexibilização da política monetária. Isso é que vai acontecer", defende Guido Mantega, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O economista participou hoje (20) da entrega do 27º Prêmio BNDES de Economia, dentro das comemorações dos 53 anos de fundação do banco.
Para Mantega, o grande desafio que se coloca hoje para o Brasil é conseguir um crescimento sustentável com déficit público sob controle, equilíbrio fiscal, inflação sob controle e superávit em transações correntes. "Esta é uma equação que nunca aconteceu no país. Isso é um desafio à teoria tradicional", analisou.
O presidente do BNDES negou que o modelo econômico adotado no governo Lula baseado no equilíbrio fiscal e no controle da inflação seja conservador, embora não sejam essas as principais características da política econômica. "Isso é apenas uma das bases da estratégia econômica que se está perseguindo e que tem uma nova função do estado que é ativa, a reativação das políticas industrial e agrícola, nova postura no comércio internacional, inserção competitiva no cenário internacional. Isso não tem nada a ver com ortodoxia que dizia que o estado não pode fazer nada, que não pode ter política econômica", garantiu.
"A política monetária tem que ser flexibilizada, a taxa de juros tem que cair, o câmbio vai reagir, portanto vai subir, e com isso nós vamos ter uma equação favorável ao desenvolvimento econômico". Embora sem querer mencionar datas, Mantega afiançou que esse processo já começou. Lembrou que em suas últimas falas, já havia sinalizado que a taxa de juros havia atingido o limite e que não iria subir mais. "De fato não subiu", constatou, frisando que as condições para a redução dessa taxa estão datas e "a tendência será descendente".
Analisou que a política econômica será expansionista, desvinculada da crise política, "mas faz parte do cenário estabelecido no país de inflação em queda, preços no atacado caindo, o que deu boa contaminada nos índices de correção dos preços administrados, que deverão subir menos". Guido Mantega avaliou que a política monetária vai ser coerente com isso, o que permitirá ao Brasil ter um segundo semestre de aquecimento da economia, com continuidade em 2006.