Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A senadora Ideli Salvati (PT-SC) disse hoje que o governo não vai admitir que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios aprove requerimentos que não tenham correlação com o fato determinado de investigar denúncias de corrupção na estatal. A senadora faz parte do bloco governista na CPMI.
Perguntada se o ministro demissionário da Casa Civil, José Dirceu, poderia ser convocado pela CPMI, Ideli Salvati respondeu: "Não vai ser chamado ninguém que não tenha correlação com os fatos investigados".
Amanhã (21) a comissão ouve o depoimento do ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) Maurício Marinho. Em uma fita de vídeo gravada por um empresário, e divulgada à imprensa, Marinho expôs um suposto esquema de corrupção nos Correios, que seria comandado pelo deputado Roberto Jefferson (RJ), então presidente do PTB. Na fita, Marinho aparece recebendo um maço de notas. Segundo Marinho, o dinheiro era pagamento de uma consultoria prestada por ele.
Para Ideli Salvati, o depoimento de Marinho será fundamental para definir os rumos da CPMI. "Exigiremos que o sr. Maurício Marinho apresente as provas para que o deputado Roberto Jefferson seja colocado na condição de réu. Só a partir disso é que definiremos novos requerimentos e convocações. Ninguém vai fazer CPI por tese", afirmou a senadora.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), um dos representantes da oposição na CPMI dos Correios, disse que os governistas pretendem "blindar setores e preservar pessoas" para evitar que as investigações cheguem a autoridades "emblemáticas do PT". Para ele, a possibilidade de a assessoria técnica da comissão selecionar os requerimentos que serão colocados em votação é uma forma "de censura" aos trabalhos dos parlamentares. "Requerimento apresentado tem que ser votado", defendeu o senador.
Álvaro Dias disse que a oposição também deve constituir uma assessoria técnica que tenha acesso a todos os documentos que cheguem para apreciação da CPMI. Quanto ao depoimento de Maurício Marinho, o senador afirmou que a oposição "tem o dever de buscar quais os vínculos existentes entre os Correios, como fonte de arrecadação, e as fontes de corrupção que envolvem partidos políticos. Lá está a origem. Imaginar que a corrupção só acontece na Câmara não dá", afirmou.