Parlamentares petistas defendem em carta a Lula composição de nova base de apoio

16/06/2005 - 17h48

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Um grupo de parlamentares do Partido dos Trabalhadores protocolou, há pouco, no Palácio do Planalto uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na carta, os petistas dizem que "é necessário compor uma nova base parlamentar de apoio", pedem mudanças na política econômica do governo e afirmam que "não se deve conviver, no governo, com gestores sob suspeição".

Segundo o deputado João Alfredo (PT-CE), um dos que assinam a carta, os parlamentares pretendiam entregar o documento nas mãos do presidente Lula, mas não foi possível. João Alfredo explicou que a audiência que estava programada para hoje não pôde ser realizada.

Além de pedidos e sugestões, o documento, assinado por 26 parlamentares, faz elogios à determinação do presidente Lula, à ação da Polícia Federal, da Controladoria Geral da União e da Procuradoria Geral da República no combate à corrupção. Na carta, os petistas afirmam, entretanto, que "tais medidas, por mais importantes que sejam, se mostram insuficientes diante da crise e de sua repercussão na opinião público, sendo necessárias outras iniciativas".

"É a credibilidade do nosso governo, o patrimônio ético-político de nosso partido e a sua biografia (como já reconhecido, inclusive por V. Exa.) que estão sendo atingidos. Não podemos deixar dúvida, para o povo brasileiro, de que o governo federal não tolera atos como compra de partidos e parlamentares para garantir a governabilidade. Não se deve conviver, no governo, com gestores sob suspeição", diz a carta.

De acordo com João Alfredo, "as lideranças estão catatônicas, sem movimento" e, por isso, é necessário que o governo aja. "Há uma hora que alguém tem que dar um murro na mesa. E essa é a hora do presidente Lula. Estamos dizendo nesta carta que se o presidente Lula tomar a responsabilidade e promover mudanças profundas ele vai ter apoio da militância e do povo brasileiro", afirmou o parlamentar cearense.

O deputado Ivan Valente (PT-SP), que também assina a carta, disse que o país está passando por um momento "grave", o que exige a adoção de "medidas cirúrgicas" pelo governo. "Medidas efetivas tinham de ser tomadas. A primeira seria contra a corrupção, para resgatar a bandeira da ética na política para o PT, e a segunda, na base da governabilidade", ressaltou.

Para Ivan Valente, o governo precisa compor uma nova base parlamentar de apoio, alterando os padrões de articulação política, como propõe a carta. "São esses aliados que deram no que deu. Então, queremos que mude essa base e que o presidente governe com a pressão popular de baixo para cima", defendeu.

O deputado Paulo Rubem (PT-PE), que também firmou a carta ao presidente, foi questionado pela imprensa se o ministro da Casa Civil, José Dirceu, deveria deixar o cargo. Paulo Rubem destacou que há uma posição clara de que "todos aqueles, no PT ou no governo, que estão com os seus nomes citados devem se afastar dos cargos, deixando o presidente completamente livre para promover quaisquer mudanças que venha a fazer, seja nos ministérios, ou, nós também defendemos, mudanças no PT". Ele destacou, no entanto, que as mudanças ministeriais cabem apenas ao presidente Lula.

Paulo Rubem deu a entrevista pouco antes de o ministro José Dirceu anunciar que deixava o cargo.