Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio - Os investimentos em obras públicas caíram quase 30% de 2002 para 2003. As contenções por parte dos governos federal, estaduais e municipais foram maiores no setor de infra-estrutura, onde a queda chegou a 13,7%, afetando principalmente as obras viárias, em portos e aeroportos, de urbanização de praças e de saneamento. A iniciativa privada também reduziu os investimentos em construção, só que em menor proporção (17%).
Os dados são da Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2003 divulgada nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo mostra que o valor total das construções em 2003 foi de R$ 73,8 bilhões, R$ 3 bilhões a menos do que em 2002, o que significa uma queda de 17,8% descontada a inflação. Também em 2003, os gastos da administração pública com a atividade de construção representavam 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto em 2002 eram 16,1% do PIB.
Para o coordenador de indústria do IBGE, Sílvio Salles, os resultados da pesquisa estão alinhados com o comportamento da economia, que em 2003 registrou queda na taxa de investimento e um crescimento do PIB próximo de zero. "A queda de 17,8% nos investimentos em construção no país em 2003 foi significativa e atingiu, principalmente, as obras de infra-estrutura, cujo principal cliente são as entidades públicas. A justificativa é que 2003 foi um ano de transição, o primeiro ano de um novo governo, onde o foco foi o controle da inflação e houve uma redução de gasto público".
Ainda segundo a pesquisa, os investimentos da iniciativa privada estão mais concentrados na área de edificações, por isso a retração foi menor do que no setor público. Na passagem de 2002 para 2003, a representatividade desta categoria subiu de 38,8% das receitas totais para 42,9%, apoiada, principalmente na construção de shoppings e salas comerciais (aumento de 14,5%) e de residências (6,6%).
"Como as obras residenciais dependem mais da evolução da renda do trabalhador, a gente observa que dentro de edificações há uma tendência interessante de aumento da importância das obras comerciais, indicador que mostra a expectativa positiva do empresariado em expandir seus negócios, mesmo em um ano de início de governo", afirmou Salles.
A pesquisa identificou 119 mil empresas de construção em atividade em 2003 empregando 1,4 milhão de pessoas que ganhavam, em média, 4 salários mínimos por mês.