Genro discute cooperação com embaixador dos EUA

16/06/2005 - 18h14

Brasília, 16/6/2005 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Educação, Tarso Genro, e o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, discutiram hoje a revitalização da cooperação entre os dois países. No encontro, Genro apresentou os principais pontos de interesse do Brasil nessa parceria, como a troca de experiências no campo das ações afirmativas, adotadas há mais de 40 anos nos EUA, e o ensino de Língua Portuguesa e de cultura brasileira para brasileiros que vivem naquele país. A última vez em que os dois países se reuniram para tratar do tema foi em março de 2002, cinco anos depois da assinatura do acordo.

O chefe da assessoria internacional do gabinete do ministro, Alessandro Warley Candeas, disse que o Brasil não copiará o modelo de cotas norte-americano, já que a realidade racial dos dois países é diferente. "É importante conhecer a experiência americana nesse assunto, entender como a situação evoluiu lá e ver como ela pode evoluir no Brasil. Nós temos uma realidade diferente da americana. Aqui, etnicamente a população é mestiça; lá, o debate é sobre tolerância racial", analisou.

Candeas lembrou que hoje, graças ao sistema adotado nos EUA, há uma geração de negros que tiveram acesso ao ensino superior, o que aumentou a participação deles em postos de decisão: "Eles foram diretamente beneficiados por esses programas de ação afirmativa implantados nos anos 60 e 70". O programa foi tão efetivo, acrescentou, que hoje já se discute naquele país se vale a pena manter o sistema de cotas, uma vez que o objetivo foi atingido: "O Brasil está começando esse processo. Havia um discurso de democracia racial que impedia o reconhecimento de severas deficiências de acesso a oportunidades de ensino pelas camadas menos favorecidas da população, por isso a discussão aqui deve ser muito mais profunda".

Já a extensão do ensino de Língua Portuguesa a brasileiros e americanos deverá ser no modelo Escola Aberta, que funcionará em espaços públicos nos finais de semana para a divulgação da cultura brasileira. O projeto, explicou Candeas, contará com o apoio da Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura) e de programas do Ministério da Educação, e com parcerias de empresas e organizações não-governamentais.

A adida cultural da embaixada dos EUA, Caryn Danz, lembrou que seu país tem várias parcerias com o Brasil e citou o programa Jovem Embaixador, voltado para estudantes do Ensino Médio na rede pública. Os jovens, escolhidos por meio de concurso, passam duas semanas nos Estados Unidos – uma em Washington e outra com uma família – e em quatro anos 52 estudantes já viajaram.

De acordo com o assessor internacional, cerca de 1 milhão de brasileiros estudam nos Estados Unidos, 7 mil deles em nível de graduação e pós-graduação.