Fiesp e Ciesp condenam manutenção da taxa Selic

16/06/2005 - 9h48

Fábio Calvetti
Da Agência Brasil

São Paulo – As duas principais entidades industriais em São Paulo criticaram a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) em manter a taxa Selic em 19,75% ao ano. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota em que afirma que a manutenção da taxa de juros sepultou definitivamente o primeiro semestre deste ano e ameaça os seis meses restantes. Já o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) pede a queda imediata da taxa para o país voltar a crescer.

Na nota da Fiesp, o presidente da entidade, Paulo Skaf, diz esperar que a decisão do Copom dê início a um ciclo descendente, interrompendo a alta dos juros iniciada em setembro do ano passado. Segundo Skaf, as estatísticas do governo e de setores da economia indicam que o primeiro semestre de 2005 foi de retração e já está perdido. "Agora, é preciso salvar o ano. E isto somente será possível se os juros caírem rapidamente, considerando que o mercado demora a refletir a oscilação das taxas", afirmou Skaf.

O dirigente ainda considerou as despesas do governo como elemento de pressão inflacionária e deu como exemplo o decreto em que o governo eleva a previsão de gastos discricionários do Poder Executivo em R$ 4 bilhões até agosto. "Mesmo que o superávit primário lhe permitisse o luxo de aumentar gastos, ainda assim o governo não deveria fazê-lo, destinando esses R$ 4 bilhões a finalidades mais nobres, como a redução do déficit público, agravado em grande parte — e ironicamente — pelas próprias taxas de juros arbitradas pelo Copom".

Para Boris Tabacof, diretor do departamento de economia da Ciesp, não há motivo para o governo manter os juros em 19,75%. "Taxas elevadas só alimentam o horizonte de incertezas inibindo os investimentos", afirmou Tabacof em nota.

Para o dirigente da Ciesp, a crise política não pode interferir nas decisões do Copom. "Em vez de deprimir o consumo para controlar a inflação, o país precisa expandir a oferta, o que só é possível com investimentos. Temos condições de baixar os juros e voltar a crescer. O momento político não deve anular essa possibilidade", disse.