Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O afastamento do secretário de Finanças do Partido dos Trabalhadores, Delúbio Soares, e do secretário geral, Sílvio Pereira, não está na pauta da reunião do Diretório Nacional do Partido, que acontecerá neste sábado e domingo em São Paulo, afirmou hoje o presidente do PT, José Genoino.
Soares é acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser responsável pelo suposto esquema do "mensalão", uma quantia em dinheiro que seria paga de forma ilegal a deputados do PP e do PL para que eles votassem a favor do governo no Congresso. Jefferson também acusa Pereira de ligação com empresas envolvidas em licitações irregulares nos Correios.
Genoino falou à imprensa na sede nacional do partido em São Paulo, na manhã de hoje. Questionado sobre o afastamento dos dois dirigentes, medida defendida ontem por senadores do partido, Genoino disse: "Esse assunto não está na pauta. Vamos fazer ato político amanhã à noite com a presença de todos os ministros do PT, com a presença dos prefeitos, dos dirigentes partidários. Um ato político de defesa do PT e das instituições democráticas do país. Um ato político em defesa do patrimônio do PT, da luta do PT pela ética. (Vamos) deixar claro, nesse ato, que o PT vai se defender de todas as acusações mentirosas nas investigações e vai fazer um trabalho sereno, eficaz, em defesa do PT".
Sobre a reunião do Diretório Nacional do partido, Genoíno esclareceu que servirá para "avaliação da conjuntura política" e para o debate do "movimento político que queremos fazer em cada diretório estadual para a defesa do PT, para o debate com a militância, até porque estamos abrindo o processo das eleições diretas do PT". Sobre uma eventual saída do ministro José Dirceu da Casa Civil, para se defender das acusações, Genoino acrescentou: "Esse não é assunto do PT. É um assunto que deve ser tratado pelo governo. O companheiro José Dirceu é muito importante no governo, na Câmara dos Deputados e onde estiver, como dirigente nacional do PT."
Sobre os preparativos do partido para defender-se, na Justiça e no Congresso, Genoíno afirmou: "Em primeiro lugar, nós temos as investigações em curso e o PT vai participar delas tranqüilamente, porque nós queremos a verdade. Não temos nada a temer. O PT vai se defender". Questionado se considera que as acusações um indício de "golpe", Genoino afirmou que o "barulho" que se está "tentando fazer" no processo de apuração das denúncias, "mostra que há uma sintonia política" com a oposição. "É claro que as oposições – e existem declarações nesse sentido – estão buscando o enfrentamento, estão buscando combate ao governo Lula. Existe um projeto de esquerda no país em curso, realizando as mudanças, umas mais, outras menos. É este projeto que vamos defender como partido político. Fazer o enfrentamento político com a oposição. A oposição está fazendo um movimento político de combate ao nosso governo e nós não temos ilusões nisso."