Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O esquema de sonegação fiscal supostamente praticado pela empresa de bebidas Schincariol pode ter desviado dos cofres públicos cerca de R$ 1 bilhão de tributos federais e estaduais. A avaliação foi feita pelo superintendente-adjunto da Receita Federal de São Paulo, Ronaldo Lomônaco. Entre os impostos sonegados estão o IPI, ICMS, Pis e Cofins.
As pessoas presas hoje responderão na Justiça por crime de evasão de divisas, corrupção ativa de funcionários públicos e formação de quadrilha.
Segundo a Polícia Federal, as empresas distribuidoras "parceiras" recorriam a liminares para garantir o não recolhimento de ICMS e o IPI pelo grupo. Essas empresas são constituídas com nomes de "laranjas" (pessoas que não são os proprietários reais) ou são empresas de "fachada". Ainda segundo as investigações, iniciadas há 14 meses, uma única nota fiscal era utilizada para diversas viagens de transporte de um produto. A receita estima que as vendas subfaturadas ou a comercialização do produto sem a utilização de notas fiscais representem de 20% a 30% das operações comerciais da empresa. As investigações também indicam que os lucros obtidos pelo grupo a partir da sonegação são remetidos regularmente dos distribuidores para a sede do grupo em Itu, no interior de São Paulo.
A Operação Cevada contou com a participação de 600 policiais federais, além de 180 fiscais da Receita Federal para cumprir 134 mandados de busca e apreensão e 79 mandados de prisão. Segundo a PF, com base em um levantamento preliminar, mais de 60 pessoas foram presas na ação realizada em 12 estados entre elas, os irmãos Adriano e Alexandre Schincariol e dirigentes do grupo. Todos os detidos estão com prisão temporária decretada pela Justiça por cinco dias. A direção do grupo Schincariol está detida na sede da PF em São Paulo.
A ação foi realizada nos estados do Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Tocantins e Pará.
A empresa detêm cerca de 14% do mercado consumidor de cerveja no país, e produz 2,1 bilhões de litros por ano de chope, refrigerantes, águas minerais, entre outros. O grupo emprega cerca de cinco mil trabalhadores.