Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Logo após a eleição do senador Delcídio Amaral (PT-MS) para a presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, a oposição acusou o governo federal de ter montado uma estratégia para "blindar" os trabalhos da Comissão.
O senador José Jorge (PFL-PE) disse que o governo recuou no acordo que começou a ser firmado ontem, quando o senador Delcídio Amaral teria aceitado desistir de concorrer à presidência da Comissão. "Essa CPI começa em pizza. O senador Delcídio ontem no plenário disse que a CPI não devia ser chapa branca, que deveria ter gente do governo e da oposição na Mesa. Mas hoje ele foi chamado pelo presidente Lula e foi pressionado para aceitar a presidência da CPI mesmo contra a sua vontade". A oposição defendia o nome do senador César Borges (PFL-BA) para a direção da CPI.
O senador Delcídio Amaral rebateu as acusações e disse que chegou a abrir mão da candidatura na tentativa de criar um consenso com a oposição. Diante a negativa, afirmou que a bancada governista decidiu disputar no voto o comando da CPI – o que ocorreu na tarde de hoje (15). "Eu sempre defendi uma solução de consenso entre governo e oposição. Eu voltei a conversar com a minha bancada, e depois de avaliação muito serena, entenderam que como não houve acordo, eu deveria recolocar a minha candidatura".
Para o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o senador Delcídio Amaral agiu corretamente ao tentar uma última cartada em busca de acordo com a oposição. "O Brasil quer transparência, investigação e lealdade. E é isso que a CPI vai fazer. Tudo será feito com transparência, argumentos e critérios, para que não haja a intenção de perseguir ninguém. O Delcídio ontem fez mais um gesto para tentar construir acordo com a oposição. Eles insistiram no nome, acreditavam que tinham chance de vencer, foi uma disputa democrática", resumiu.
O senador Delcídio Amaral indicou o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para relatar os trabalhos da CPI. A Comissão foi instalada oficialmente hoje com a eleição da Mesa Diretora. O vice-presidente da CPI é o senador Maguito Vilella (PMDB-GO), que integrou a chapa de Delcídio Amaral na disputa para a presidência da Comissão.