Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O líder do PP na Câmara dos Deputados, José Janene (PR), espera entrar ainda hoje (13) no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma queixa crime contra o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e uma ação civil de reparação de danos, além de calúnia, injúria e difamação.
Jefferson acusou o líder de ser um dos responsáveis por distribuir uma "mesada" a parlamentares do PP e do PL. Janene disse que nunca ouviu falar do "mensalão" e que o deputado do PTB não tem provas. O senador Álvaro Dias (PSDB) afirmou que para um julgamento jurídico é necessária a existência de provas, mas para um político já existem indícios e evidências "de sobra".
Durante entrevista publicada no último domingo, Jefferson diz que discutiu a distribuição de cargos no governo em reuniões, no Palácio do Planalto, com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o presidente nacional do PT José Genoino, o secretário nacional de Finanças, Delúbio Soares, o secretário-geral, Silvio Pereira, e o secretário de Comunicação, Marcelo Sereno. Afirma também que o dinheiro utilizado pelo PT para pagar suspostas mesadas a parlamentares vinha de empresas e estatais e que chegava a Brasília "em malas" e seria distribuído por Delúbio Soares, o publicitário Marcos Valério e o líder do PP na Câmara.
Janene nega as acusações do deputado do PTB e disse que nunca teve intimidade com o ministro José Dirceu ou com Jefferson. "Com esse cidadão (Roberto Jefferson), nunca passei de bom dia e boa tarde até porque ele não tem um bom relacionamento de amizade aqui dentro da Casa", afirmou.
O depoimento de Roberto Jefferson está sendo aguardado para amanhã à tarde no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. No conselho ele responde a processo de cassação por quebra de decoro parlamentar movido pelo PL. Com o processo aberto no Conselho, mesmo se o parlamentar renunciar ainda poderá ser cassado e perder os direitos políticos, pois de acordo com regimento interno, depois da abertura do processo, a renúncia não impediria mais a cassação nem invalidaria a inelegibilidade
E na quarta-feira, o deputado do PTB deverá ser ouvido pela comissão de sindicância da Câmara em sua casa às 11 horas. A comissão foi criada a pedido do presidente da casa, Severino Cavalcanti (PP-PE) e tem o prazo de 20 sessões plenárias para apresentar relatório à Mesa Diretora da Casa. Se no relatório final da comissão constar que houve conduta irregular e a Mesa considerar o documento consistente ele será encaminhado ao Conselho de Ética, que poderá instalar processo por quebra de decoro parlamentar e cassar o mandato dos envolvidos.