Escola no Piauí ensina jovens a combater o trabalho escravo

13/06/2005 - 8h23

Valtemir Rodrigues
Da Agência Brasil

Brasília – A educação é um forte aliado no combate ao trabalho escravo. Um exemplo disso é a escola estadual Irmã Simplícia, da cidade de União, no Piauí, onde esse crime se tornou matéria do dia-a-dia nas aulas de crianças e jovens, que podem refletir sobre o quanto isso faz parte da realidade de muita gente do estado. Por exemplo, há registros de que, no sul do Estado, a indústria da construção civil transforma famílias inteiras em escravos.

A iniciativa da escola é inédita, segundo a organização não-governamental Repórter Brasil. Foi a primeira a desenvolver um plano integrado com alunos, professores, funcionários e a comunidade. Seu trabalho é uma resposta positiva aos índices de escravidão no País. O relatório Uma Aliança Global contra o Trabalho Escravo, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta quarta-feira (11), mostra que no Brasil 25 mil pessoas vivem em situação de escravidão.

A coordenadora da escola, Maria de Jesus Santos, afirma que o debate ajuda o aluno a não se submeter ao trabalho escravo. "Após trabalhar o tema com professores, o aluno passa a orientar outras pessoas de sua comunidade", conta.

O estudante Ítalo Gustavo, aluno 8ª séria da escola Irmã Simplícia, diz que "não é normal trabalhar sem as mínimas condições" e hoje ensina isso para as pessoas de sua comunidade, informando sobre os riscos e as formas de evitar o aliciamento. "Além disso, aprendi ser importante repassar esse conhecimento a outras pessoas ", comenta ele. "As aulas de leituras e os debates contribuíram para mudar a realidade de minha cidade". Segundo a OIT, União é uma das maiores exportadoras de mão-de-obra escrava para outros estados.

Além de Gustavo, outros 660 alunos estão aprendendo a lição. Atualmente o trabalho desenvolvido na escola Irmã Simplícia é coordenado pela ONG Repórter Brasil, em parceria em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, a Comissão Pastoral da Terra e o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia, e tem apoio de 20 outras entidades e patrocínio da empresa TAM Linhas Aéreas.