Empréstimos do BNDES só não foram maiores por quebra de safra, afirma Mantega

13/06/2005 - 15h06

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, classificou de razoável o aumento de 7% registrado nos desembolsos da instituição nos cinco primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando R$ 15,104 bilhões. Admitiu, entretanto, que o desempenho ficou abaixo das expectativas, que eram de crescimento em torno de 20% sobre os R$ 14 bilhões liberados no acumulado janeiro/maio de 2004.

Segundo Mantega, o resultado não foi melhor em função da crise vivida pelo setor agropecuário, cujos desembolsos tiveram queda de 30%, bem como da agroindústria, para o qual as liberações caíram 33% no período. O presidente do BNDES analisou que o segmento agropecuário sofreu uma crise este ano, provocada pela seca que prejudicou a produção de grãos. A retração nos desembolsos é explicada também pela baixa demanda por recursos no programa Moderfrota, dentro da agroindústria, "porque já há uma certa saturação de máquinas e implementos agrícolas", disse Guido Mantega. Garantiu, entretanto, que o BNDES continuará colocando recursos à disposição da renovação de frotas nesse setor.

Observou ainda que a queda nos desembolsos para o programa emergencial do setor elétrico, da ordem de 40% de janeiro a maio, também impactou de forma negativa sobre o desempenho no período. Isso se deve à não realização de operação de socorro à Companhia Energética de São Paulo (Cesp) que em 2004 somou R$ 1,2 bilhão, com boa parte dos recursos sendo liberada até maio do ano passado. Mantega avaliou, por outro lado, que esse não é um fato desfavorável. Pelo contrário. "Eu diria até que liberar menos aqui é positivo, porque o setor elétrico está recuperado no Brasil e está conseguindo recursos de outras fontes".

Guido Mantega afirmou que se o banco tivesse totalizado R$ 2 bilhões para agropecuária e mais alguns bilhões para o setor elétrico, o desempenho teria sido excepcional. Ressaltou, porém, que o fato de não ter atingido a meta não deve obscurecer o resultado. Destacou que vários segmentos estão tendo um desempenho muito bom dentro da indústria, cujos desembolsos cresceram 23%, entre os quais metalurgia (71%) e mecânica (70%), no setor de bens de capital, além de material de transporte (29%) e celulose e papel (46%). Frisou que "a indústria é, talvez, o melhor termômetro, é o setor que lidera a economia em um período de crescimento".

Em relação à infra-estrutura, que cresceu 15% no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, os segmentos de transporte terrestre e telecomunicações foram os destaques, com elevações nas liberações de 99% e 172%, respectivamente.