Professor diz que reforma política teria evitado crise no governo

09/06/2005 - 11h09

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília - Se a reforma política que está parada no Congresso há mais de 10 anos já estivesse em funcionamento hoje, a atual crise no governo seria evitada. A afirmação foi feita pelo cientista político da Universidade de Brasília (UnB), professor David Fleischer, em entrevista à Rádio Nacional AM.

Segundo Fleischer, com a reforma política, o orçamento impositivo poderia ser adotado, o que seria uma saída para acabar com as emendas parlamentares. "Nada mais de orçamento autorizativo, no qual o presidente tem uma caneta cheia de tinta para congelar verbas, liberar verbas quando bem entender", defendeu.

Outro ponto positivo da reforma política, para o professor, seria a diminuição do número de cargos de confiança de 40 mil para 2 mil em todas as esferas de governo. Ele destacou também que seria posta em prática uma nova maneira de eleger os deputados. "Vamos votar apenas no partido, não mais em deputado individualmente. Vamos adotar a federação de partidos para acabar com o troca-troca e a migração de deputados de um partido para outro".

Para Fleischer, após as denúncias envolvendo aliados do governo as alianças do governo ficaram fragilizadas. Ele afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada para investigar as denúncias de corrupção no Correios pode não prosperar. "Se abrir o sigilo bancário de todos os deputados suspeitos, pode trazer à tona muitas outras coisas. Então, a turma do deixa disso está bem ativa para deixar isso debaixo do tapete", concluiu.