Decisão sobre renúncia de presidente da Bolívia é adiada

09/06/2005 - 20h08

Janaina Rocha
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Não há data definida para a sessão no Congresso boliviano que decidirá a respeito da renúncia do presidente Carlos Mesa. Esse fato mantém a Bolívia sob tensão política. Segundo o ministro Celso Amorim, em nota oficial divulgada esta noite (9) pelo Itamaraty, há "uma crise imediata na Bolívia".

Nesse contexto, dois aspectos devem ser observados, aponta o ministro. "O problema do abastecimento, que está sendo visto com o Ministério das Minas e Energia e o Palácio do Planalto", informa ele. Outro ponto é a questão política da Bolívia, "da estabilidade política". Segundo ele, a missão foi enviada para tratar desse aspecto. "A questão do futuro da Bolívia, de como eles vão lidar com a relação deles com as companhias estrangeiras é um problema que os bolivianos têm que resolver. Evidentemente, nós podemos ter idéias, mas não é o momento para tal."

Hoje, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, embarcou para a Bolívia. Ele integrará a missão de observadores, responsável por acompanhar a crise política instalada naquele país, segundo o Itamaraty. Também participam da missão representantes da Argentina e da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o Itamaraty, o envio de observadores da ONU e dos dois países sul-americanos para observar a situação boliviana atende a um pedido de Carlos Mesa, que apresentou pedido de renúncia na segunda-feira (6).

Amorim crê que "a Bolívia e o Brasil são países destinados a viver juntos". Ele explica que a maior fronteira do Brasil é com a Bolívia. "Nós temos interesse no gás deles, naturalmente, embora tenhamos outras reservas, mas eles também têm interesse em vender para nós", avalia.

A nota informa que, há 12 anos, o comércio entre o Brasil e a Bolívia era de US$ 300 milhões – no sentido Brasil-Bolívia – e de US$20 milhões, no sentido Bolívia-Brasil. Hoje essa relação movimenta cerca US$300 milhões em ambos sentidos.

"Então, acho que essa é uma mudança muito grande. Agora, a maneira como esta questão deve ser resolvida só o povo boliviano pode resolver."

Com informações do Itamaraty.