Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, criticou hoje a declaração do ministro das Cidades, Olívio Dutra, de que o governo estaria "pagando o preço pelas más companhias". Olívio Dutra fez a declaração ao comentar denúncias de corrupção envolvendo aliados do governo. Segundo Rebelo, Olívio Dutra emitiu uma opinião pessoal ao fazer a declaração. "O ministro não falou em nome do governo", afirmou.
Aldo Rebelo ressaltou que sua opinião é diferente da que foi expressada pelo ministro das Cidades. De acordo com Rebelo, o governo contraiu as alianças para governar o país e fazer as mudanças prometidas em campanha: "As companhias são aquelas que o governo tem para governar o país e executar o programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
Para Rebelo, as declarações de Olívio Dutra não devem afetar as relações do governo com os partidos da base aliada no Congresso Nacional. Ele e o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), procuraram hoje os líderes dos partidos aliados para dizer o que acharam das declarações de Dutra. Rebelo disse que a base aliada está enfrentando com "espírito de unidade, em torno do líder Arlindo Chinaglia", as dicussões sobre a criação das comissões parlamentares de inquérito para investigar denúncias de corrupção e as votações da Câmara dos Deputados.
Rebelo afirmou que o governo não vai criar dificuldades para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios (CPMI). "O governo colaborará com tudo que estiver ao seu alcance para qualquer investigação da Câmara dos Deputados a respeito de qualquer tema, seja através da Corregedoria, ou de comissão parlamentar de Inquérito", disse o ministro.
O ministro disse também que não está preocupado com o fato de o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), que denunciou o suposto pagamento de mesada a parlamentares do PP e do PL em troca de apoio político, ter dito que dispõe de gravações dele (Aldo) e do ministro José Dirceu. Rebelo disse que não teme essas denúncias e que também não sabe se ele (Jefferson) tem essas gravações.
Segundo o ministro, quem tiver gravações sobre conversas entre ministros, membros do governo e do Parlamento deve divulgá-las imediatamente, "a bem da sociedade e do interesse público".
Rebelo ressaltou ainda que, como presidente do PTB, Jefferson sempre teve uma relação política e institucional com o governo e com os ministros.
Rebelo informou que combinou com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), a retomada imediata das discussões sobre a reforma política para que ela possa ser aprovada pelo Congresso Nacional ainda neste ano. "Para o governo, a reforma política é prioritária, e o governo vai colaborar com tudo que for necessário para aprová-la", disse Aldo. Ele também já pediu aos presidentes da Câmara e do Senado que dêem andamento às agendas existentes, independentemente de qualquer investigação a ser feita.