Quem investe em tecnologia exporta mais, mostra Ipea

08/06/2005 - 15h41

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Empresas que investem em inovações tecnológicas têm 16% mais chances de serem exportadoras do que as que não realizam esse tipo de investimento. É o que constata pesquisa divulgada hoje (8) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo analisa 72 mil empresas industriais de todo o país com mais de dez funcionários. Apesar de representarem apenas 2% da indústria brasileira, as companhias que inovam seus produtos são responsáveis por 26% do faturamento industrial e por 13% do emprego gerado.

Segundo o presidente do Ipea, Glauco Arbix, usar a tecnologia para diferenciar e inovar os produtos é fundamental para alcançar sucesso nas exportações. "As empresas que inovam têm maior competitividade no mercado externo. Estão olhando o que há de melhor fora do país e se constituem em um grande exemplo para as empresas brasileiras", afirma.

"As empresas têm que competir pela diferenciação e pela tecnologia", afirmou, durante o lançamento, o ministro Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele apontou ainda que o Brasil precisa divulgar aos mercados externos os produtos que são produzidos aqui. "Nossa comunicação é muito fraca. Não dizemos o que temos". O ministro completou dizendo que precisamos criar a imagem de um país moderno.

Glauco Arbix conta que os resultados do estudo permitem que o governo identifique políticas públicas que fortaleçam as estratégias competitivas voltadas para a produção. Se "ajudarmos com isenções fiscais, com incentivos para que adquiram uma cultura inovadora, e facilitarmos os processos de exportação isso é bem vindo", defende Arbix.

O presidente do Ipea explica que inovação tecnológica deve ser entendida como algo mais amplo do que apenas investimento em máquinas. "Abrange também a marca, a embalagem, é uma mudança naquilo que é fabricado que faz com que o produto seja especial. Esse diferencial é extremamente importante por que ele é o motor dos negócios daquela empresa", afirma.

O estudo do IPEA foi realizado pelos pesquisadores Mário Salerno e João Alberto De Negri. Os resultados estão apresentados no livro "Inovações, padrões tecnológicos e desempenho das firmas industriais brasileiras". Na análise, as empresas foram divididas em três grupos: as que inovam e diferenciam produtos, as especializadas em produtos padronizados e as que não diferenciam produtos e têm menor produtividade.