Organizadora da Marcha Nacional contra Corrupção diz que sociedade tem que fiscalizar

08/06/2005 - 15h47

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Há quatro anos, a dona-de-casa piauiense Maria Gorete Acelino Oliveira, 47 anos, divide os afazeres domésticos com a luta contra a corrupção. Ela é uma das fundadoras da organização não-governamental Força Tarefa Popular, Luta contra a Corrupção e Pela Vida, que surgiu no Piauí e já conta 40 integrantes. Para Maria Gorete, sem a participação popular não será possível acabar com os desvios de dinheiro público no país. "Se o povo não fiscalizar, vai ser difícil acabar com a corrupção. Mas se todo mundo fizer um pouco eu tenho certeza de que a situação vai melhorar", diz.

Para chamar a atenção da população sobre o seu papel, a força tarefa organizou a Marcha Nacional contra a Corrupção e Pela Vida, que veio a Brasília para acompanhar as discussões do 4º Fórum Global de Combate à Corrupção. Parte do percurso foi feita de ônibus e os cerca de 300 quilômetros restantes, no trecho entre o município goiano de Posse e a capital federal, a pé.

Maria Gorete diz que foram 17 dias de caminhada. "Resolvemos vir em marcha, a pé, para acordar o povo, para que as pessoas nos ajudem, para que cresça a força-tarefa popular. Queremos que, em todos os municípios, as pessoas passem a cobrar do prefeito, dos políticos, os seus direitos", explica.

Ela sugere que a campanha de conscientização da população parta do governo. "O que a gente queria é que o presidente Lula fizesse algo como a campanha contra o mosquito da dengue. A gente quer que todo mundo esteja de olho, porque sabemos que assim as coisas vão mudar".

Segundo a dona-de-casa, o trabalho da organização já rendeu frutos, como a conclusão das obras de uma maternidade em Esperantina (PI). Maria Gorete diz que mais R$ 180 mil foram destinados à obra, que ficou parada durante cerca de cinco anos. "A gente recebeu as denúncias, levou para o tribunal de Justiça do estado. E a maternidade já começou a funcionar, mesmo que precariamente".

Para Maria Gorete, o combate à corrupção também pode representar o fim de problemas sociais, como o desemprego. "Se tiver prestação de contas, vai acabar tendo mais emprego, porque se o prefeito disser que fez uma obra e não fez, as pessoas vão cobrar. E o prefeito vai ter que contratar pedreiro, carpinteiro para fazer a obra e, dessa forma, vai gerar trabalho".