Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio - Quatro Organizações Não-governamentais (ONGs) lançaram hoje (8) na área de embarque do aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro, uma campanha contra o tráfico de pessoas para exploração sexual ou trabalho escravo. De acordo com um relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgado na semana passada, 70 mil brasileiros são traficados por ano, o que corresponde a 10% dos casos de tráfico de pessoas em todo o mundo.
A campanha é coordenada pelo Projeto Trama, em parceria com a Secretaria Nacional de Justiça. Segundo a advogada Michele Gueraldi, que faz parte da campanha, o público alvo são as adolescentes e as jovens entre 22 e 25 anos, as maiores vitimas da exploração sexual.
A dançarina Jéssica Oliveira, hoje com 30 anos, diz que foi aliciada em 1998 com um convite para dançar na Espanha e ganhar o equivalente a R$ 2 mil por mês. "A proposta era muito boa e eles pagaram tudo, desde o passaporte, a passagem e o lugar para ficar. Não dava para desconfiar". Ao chegar em Madri, descobriu que fora enganada. "Uma mulher disse para mim e outras moças que teríamos que fazer outras coisas, para pagar o que eles haviam gasto com a gente. Não tivemos escolha e, por dois meses, ficamos praticamente presas, tendo que atender vários clientes. Até que consegui telefonar para minha mãe aqui no Brasil e ela procurou a família do aliciador, ameaçando denunciar tudo para a Polícia Federal se eles não me mandassem de volta. Foi uma experiência muito dura."
A campanha contra o tráfico de pessoas vai acontecer até o final deste ano, com a distribuição de material informativo para alertar as pessoas sobre os perigos da prática.